Eurico Figueiredo despede-se do PS e aceita convite de Marinho e Pinto para as europeias

Na análise que faz do PS, o psiquiatra diz que gostou do primeiro governo de José Sócrates. "Decepcionou-me profundamente o segundo".

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Paulo Pimenta

O histórico socialista Eurico Figueiredo escreveu uma carta a António José Seguro na qual anuncia a desvinculação do partido para poder passar a intervir “sem compromissos”. O PÚBLICO sabe que aceitou o convite de Marinho e Pinto para integrar em quarto lugar a lista do Movimento Partido da Terra (MPT) às europeias de 25 de Maio.

Numa longa missiva dirigida ao secretário-geral do PS a 24 de Março, o professor catedrático de psiquiatria analisa o comportamento do PS nos últimos anos para concluir que o partido não foi capaz de debater a crise da democracia e que foi impotente para apresentar iniciativas.

“Aquando da eleição de José Sócrates para secretário-geral, que tinha sido já duas vezes um grande ministro, ainda acreditei na regeneração do PS. Gostei do seu primeiro governo. Decepcionou-me profundamente o segundo”, escreve Eurico Figueiredo. E acrescenta que agora já não acredita “na possibilidade do PS, por sua iniciativa, poder mudar o dramático curso dos acontecimentos”. 

Esta não é, no entanto, a primeira vez que Eurico Figueiredo bate com a porta. Em 1999, saiu do PS em discordância com a linha então seguida pelo líder António Guterres. Agora, diz a Seguro: “Como compreenderás, não saio do PS para me reduzir à minha impotência. Saio para poder intervir sem compromissos.”

Na carta não há, porém, referência às eleições europeias, quer à composição da lista do PS, quer ao facto de Eurico Figueiredo ter aceite o convite do ex-bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, para integrar em quatro lugar a lista que encabeça pelo MPT.

Na análise que faz da situação política do país, o psiquiatra considera que “o desenvolvimento da democracia representativa em Portugal foi fundamental no pós-25 de Abril” mas que esse modelo está esgotado e não concede espaço à iniciativa dos cidadãos. Por outro lado, diz, o país não pode estar “sempre à espera da ajuda do Tio Sam”.

Já no final da missiva, Eurico Figueiredo deixa uma palavra de elogio ao recurso às eleições primárias do novo partido Livre, cujo candidato às europeias é Rui Tavares, eleito pelo BE em 2009. Mas critica “o mau posicionamento na escolha do seu espaço político por fetichismos de esquerda”.

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