Quinto dia à procura do avião e ainda não se descobriu nada

Um certo desespero começa a apoderar-se das equipas, enquanto informação vai sendo avançada mas não confirmada.

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Aviões da Malaysia no aeroporto de Kuala Lumpur Damir Sagolj/Reuters

Quinto dia, 14.ª nota de comunicação da Malaysia Airlines, mais uma conferência de imprensa das autoridades do país, e ainda nada de concreto sobre o desaparecimento do avião que seguia de Kuala Lumpur para Pequim na madrugada de sábado.

Os esforços de busca do avião da companhia malaia continuam, com a Índia a juntar-se a um grupo que conta já com 12 países, sem conseguir encontrar qualquer sinal da aeronave, nem pistas que apontem para o que possa ter acontecido.
O ministro da Defesa da Malásia, Hishammuddin Hussein, confirmou em conferência de imprensa na manhã desta quarta-feira o alargamento da zona de buscas e ainda o envolvimento de mais peritos militares.

A busca está a focar-se, neste momento, numa zona de sensivelmente 27 mil milhas marítimas quadradas, disse Hussein – uma aérea semelhante à de todo o território de Portugal, incluindo as ilhas. Destas 27 mil milhas, 12.400 estão na zona do Estreito de Malaca e outras 14.900 no mar do Sul da China. É sensivelmente o dobro da área de buscas do dia anterior.

O ministro da Defesa afirmou ainda que não responderia a qualquer questão sobre "especulações" até serem encontradas as caixas negras do avião. Mas a cada uma das zonas corresponde uma teoria sobre o percurso do avião, quando tinha sido avançado que o avião teria dado meia volta e chegado a ser localizado a uns 500 quilómetros do último ponto da rota normal em que foi visto.

As autoridades vietnamitas, que tinham mandado o seu Exército para a selva em busca do avião, disseram que suspendiam algumas das actividades, enquanto não tivessem mais informação do lado da Malásia sobre este ponto, mas entretanto anunciaram uma intensificação dos esforços. A Índia disse que ia juntar-se aos esforços de busca, que envolvem assim 12 países.

Investigadores vietnamitas estavam entretanto a investigar uma afirmação de um habitante que diz ter visto um objecto a arder no céu no Leste do país, diz a BBC.

A hipótese da  inversão do percurso baseada na informação de que o avião teria sido detectado por um radar militar no estreito de Malaca, que foi avançada por um responsável militar sob anonimato, não foi confirmada oficialmente. Segundo esta teoria, o avião teria estado no ar mais de uma hora além do que se pensava até então. Isso explicaria o grande alargamento da zona de buscas. Entretanto foi acrescentada ontem uma possível terceira posição do avião num radar militar, um pouco mais perto da Malásia, mas já do lado ocidental (o avião seguia para oriente) e muito mais a norte do que a segunda localização possível avançada no dia anterior.

"Não estamos a dizer que é o MH370. É algo não identificado", disse o chefe da Força Aérea, Rodzali Daud.

“Há coisas que vos posso dizer e há coisas que não posso”, escudou-se já o responsável pela aviação civil da Malásia, Azharuddin Abdul Rahman, que não confirmou nem desmentiu a informação sobre a rota do avião, dizendo que ainda estavam a ser estudadas as leituras dos radares.

Não há sinais de explosão no ar
Satélites espiões dos EUA não encontraram qualquer imagem que pudesse ser de uma explosão no ar e também a organização que monitoriza os testes atómicos e que tem equipamento que eventualmente poderia detectar uma explosão não conseguiu descobrir qualquer sinal dela.

Pelo menos 40 navios e 34 aviões continuam esforços intensos de buscas, mas, depois de quatro dias sem qualquer resultado, um certo desespero começa a apoderar-se dos que participam na operação, comentava o jornalista da BBC Jonathan Head em Kuala Lumpur. A China enviou mais dois navios de guerra, juntando-se aos três que já participavam nas buscas, após ter sido anunciado novo alargamento da área a procurar.

Washington Post citava uma mensagem que circula nas redes sociais chinesas: "O Vietname continua a descobrir. A Malásia continua a negar. A China continua a mandar coisas. Os jornalistas continuam à espera no Hotel Lido [onde estão as famílias]. Os familiares continuam a sofrer. Mas onde está o avião?"

As teorias continuam a manter-se as mesmas: “Um, desvio; dois, sabotagem; três, problemas psicológicos entre passageiros e tripulação; e, quatro, problemas pessoais entre passageiros e tripulação”, enumerou na terça-feira o chefe da polícia da Malásia, Khalid Abu Bakar.

Enquanto isso, na sua 14.ª nota de imprensa, a Malaysia Airlines dizia estar a centrar a sua atenção nos familiares das 239 pessoas que seguiam no avião, uma grande parte das quais chinesas. A companhia aérea empregou equipas de apoio psicológico que estão em “cinco localizações em Pequim e quatro em Kuala Lumpur”. “[Na capital da Malásia] temos 115 familiares que estão a ser acompanhados por 72 pessoas que lhes dão apoio psicológico, com pelo menos um psicólogo por família e um tradutor de mandarim para as famílias chinesas.”

“Lamentamos e compreendemos as famílias”, continuava a nota de imprensa, concluindo com uma formulação que já é comum nas comunicações da companhia aérea: “Estamos tão ansiosos como as famílias por saber o que aconteceu aos seus entes queridos.”

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