Com 757 mil seguidores no Twitter, a Polícia espanhola é o maior fenómeno das forças de segurança na Internet. No início de Fevereiro ultrapassou a popularidade do FBI e a receita é simples. “Basta ser verdadeiramente útil aos cidadãos”, afirmou ao El País Carlos Fernández Guerra, que gere a conta da polícia na rede social

Com uma linguagem simples e directa, a conta do Twitter da Polícia espanhola é o reflexo daquilo que agrada aos internautas. “Os tuiteiros não gostam que lhes respondam instituições, mas sim pessoas”, explica o homem por trás do fenómeno.

É possível ver entradas em que são comentados os Goya (festival de cinema espanhol) com bastante humor e referências aos melhores filmes policiais, como é óbvio. Mas é igualmente constante o envio de informações relevantes sobre criminosos procurados, alertas de fraudes pela Internet e até informação meteorológica.

O sucesso no mundo da Internet já deu os seus frutos na rotina da polícia. Recentemente, a fotografia de um homem perseguido por ter assassinado um taxista em Salamanca foi reenviada pelos utilizadores do Twitter seis mil vezes e obteve "uma repercussão de cerca de cinco milhões de visualizações”, afirmou à rádio espanhola Antena 3 Carolina González, do Departamento de Comunicação da Polícia. O suspeito foi capturado em apenas 11 horas.

É Carlos Guerra o grande responsável pela “explosão” de seguidores da Polícia espanhola no Twitter. Desde 2009 que gere a conta da instituição e nunca passa menos de 17 horas por dia na Internet para que nenhuma solicitação fique sem resposta.

“Se queres ser mesmo um serviço público, não podes fechar à noite. Tento que a conta seja gerida pelo menor número possível de pessoas para que não se perca a coerência”, explicou.

A proximidade da polícia já causou, no entanto, alguns dissabores. Foi o caso de um utilizador que perguntou qual a melhor forma de transportar charros numa viagem ao estrangeiro. Através do Twitter, a polícia respondeu que tentasse escondê-los dos cães pisteiros para evitar uma multa por consumo.

“Foi um desastre tremendo, passei três dias sem dormir”, contou Guerra ao El País. A abordagem popular nas redes sociais é um campo arriscado, sobretudo para uma força de segurança, “mas é o preço que pagamos para conseguirmos aproximar-nos das pessoas”, afirmou o responsável.

Por cá, a PSP tem ainda um longo caminho a percorrer para conseguir aumentar os seus três mil seguidores.