Novos ataques no Centro de Moçambique durante o fim-de-semana

Acções contra colunas de carros escoltadas por militares ocorreram na região de Muxúnguè. Manifestação de apoio ao Presidente Guebuza abaixo das previsões.

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Deslocações de Maputo para Inhambane também diminuíram nas últimas semanas Nelson Garrido

Homens armados, alegadamente membros da Renamo, a antiga guerrilha, atacaram no fim-de-semana duas colunas de carros civis escoltados por militares, no Centro de Moçambique. Morreram pelo menos três pessoas e foram feridas mais de uma dezena. Os dois novos casos confirmam a situação de guerra não declarada, que se acentuou nos últimos meses.

Os ataques, atribuídos a homens armados da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana, antiga guerrilha e principal partido da oposição), ocorreram na região de Muxúnguè, província de Sofala, no Centro do país.

O primeiro ataque aconteceu no sábado de manhã e provocou a morte de, pelo menos, um militar e vários feridos – quatro ou cinco, o número diverge consoante as fontes. A edição electrónica do jornal A Verdade escreveu que um dos feridos acabou por morrer já no hospital de Muxúnguè. A Rádio Moçambique noticiou dois mortos. No domingo, novo ataque a uma coluna, na mesma região, ao princípio da tarde, fez dois mortos e seis feridos.

É no troço entre Muxúnguè e o rio Save que tem ocorrido a maior parte das acções que, nos últimos meses, fizeram dezenas de mortes, aumentaram a tensão político-militar e fazem recear o regresso da guerra civil que o país sofreu entre 1976 e 1992. Na província de Nampula, no Norte, ocorreram também algumas acções armadas. Os ataques têm-se intensificado e, nas últimas semanas, houve, pela primeira vez, três na província de Inhambane, os primeiros a sul do Save.

As deslocações de autocarro, que tinham já diminuído entre a província de Maputo, no Sul, e as províncias a norte do Save, estão agora também a sofrer uma quebra nos destinos situados em Inhambane, segundo a página do jornal Canal de Moçambique no Facebook. O número de refugiados na província de Sofala já foi calculado em cerca de quatro mil.

O FMI (Fundo Monetário Internacional) alertou na semana passada que o crescimento económico de Moçambique está ameaçado pela “insegurança crescente” provocada pelas acções armadas. “Se a situação se deteriora, isso pode pesar negativamente na economia e causar problemas a vários níveis”, disse Alex Segura, representante da organização no país, citado pela AFP. “É evidente que uma das razões dos resultados económicos excepcionais dos últimos 20 anos tem a ver com a paz e a estabilidade política.” A previsão de crescimento, suportada pela exploração de carvão e descobertas de gás natural, é de 8,3% para 2014.

Os ataques aumentaram depois de, em Outubro de 2013, forças governamentais terem ocupado Satungira, uma base da Renamo, onde o líder do partido, Afonso Dhlakama, viveu no ano anterior. A actual situação tem desgastado a imagem do Presidente da República, Armando Guebuza, que muitos responsabilizam pelo regresso da guerra. Uma manifestação de apoio ao chefe de Estado, no sábado, em Maputo, ficou longe da previsão de 20 mil participantes feita pelo partido governamental Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no poder desde a independência, em 1975).

 

 

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