Seguro rejeita proposta de entendimento com um primeiro-ministro “desnorteado”

Passos Coelho "apenas quer a cumplicidade do PS para os cortes nas pensões e na função pública", reagiu o líder socialista no Funchal.

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Daniel Rocha

António José Seguro respondeu ao desafio do primeiro-ministro para um "memorando de confiança" com uma negativa, garantindo que “o PS não será cúmplice deste Governo em mais cortes que retirem rendimento aos reformados e pensionistas”.

Em reacção às propostas de entendimento, “traduzidas por trabalho concreto”, apresentadas pelo primeiro-ministro, o secretário-geral do PS declarou que “todas as propostas pontuais devem ser apresentadas no Parlamento, às claras e debatidas com todos os partidos”. Seguro garantiu que, como no caso do IRC, “o PS lá estará com as suas soluções realistas”, porque este partido “não volta as costas aos portugueses e ao país”.

Em declarações aos jornalistas, à margem do congresso regional do PS que encerra este domingo no Funchal, Seguro lembrou que no mês passado o chefe do Governo disse que não precisava do PS”, mas “agora vem dizer o contrário”, acrescentando que “o primeiro-ministro está perdido, desnorteado e não sabe o que quer”.

Se Passos Coelho “quisesse as propostas do PS, tinha aceitado o acordo em Julho”, frisa Seguro, concluindo que “o primeiro-ministro apenas quer a cumplicidade do PS para os cortes nas pensões e nos salários da função pública”. Nesta perspectiva, afiançou que “o PS não será cúmplice deste Governo em mais cortes que retiram rendimento aos reformados e pensionistas”. E, perante a insistência dos jornalistas sobre a nova proposta de Passos Coelho, reiterou: “É óbvio que não aceito.”

Ainda segundo Seguro, com esta manifestação de entendimento, Passos Coelho “também revela que não faz reformas, mas apenas cortes”, pois “se tivesse feito reformas sustentáveis não precisaria de compromisso sobre a despesa pública”. O PS, acrescenta, “defende o equilíbrio das contas públicas, mas tem um caminho diferente": em vez da “estratégia de empobrecimento seguida pelo Governo”, propõe uma “estratégia para criar emprego e riqueza”.

Passos Coelho defendeu este sábado que as manifestações de intenção de entendimento entre o Governo e o PS devem ser "traduzidas por trabalho concreto". O primeiro-ministro reiterou a convicção de que é possível um entendimento com o maior partido da oposição e que "o que é agora importante" é passar à prática, de uma forma "mais discreta ou mais abertamente".

O primeiro-ministro já tinha manifestado a convicção, na sexta-feira, em Aveiro, que é possível, até Abril, um acordo com o PS quanto aos limites da despesa pública, o que dará tranquilidade aos mercados para obter juros baixos após a saída da troika. Menos de 24 horas depois, Passos Coelho declarou em Bragança que "o país não deixará de prosseguir o seu caminho se esse entendimento não for alcançado".

 
 
 
 
 

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