Parlamento catalão pede autorização a Madrid para organizar referendo

Petição é um novo desafio a Madrid, que já garantiu que não vai permitir a realização da consulta, agendada para Novembro.

Foto
Artur Mas saúda os apoiantes da independência em frente ao parlamento da Catalunha Albert Gea/Reuters

O Parlamento da Catalunha aprovou uma petição para pedir a Madrid que delegue no governo autónomo a competência para organizar o referendo à independência anunciado para Novembro. A iniciativa, com chumbo garantido, desloca a contenda soberanista para a capital espanhola.

A petição foi aprovada nesta quinta-feira por 87 dos 135 catalães. Além dos votos dos partidos nacionalistas – Convergência e União (CiU), Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e Iniciativa pela Catalunha-Verdes (ICV) – teve o apoio de três deputados do Partido Socialista da Catalunha (PSC), que romperam a disciplina de voto e confirmaram como a iniciativa do presidente da Generalitat, Artur Mas, divide os socialistas catalães.

“Hoje não votámos o futuro político da Catalunha, mas uma fórmula para que os catalães o decidam”, reagiu o porta-voz da CiU, citado pelo diário El País. Jordi Turull recusou que a proposta de referendo divida a sociedade catalã, dizendo que “lutar pelo direito a votar só gera frustração entre aqueles que não acreditam na democracia”.

No pólo oposto, o Partido Popular e o fórum Ciutadans acusaram a maioria de insistir no caminho que levará a Catalunha a “romper com Espanha”. “O independentismo é antiquado, enferrujado, frustrante e irresponsável”, afirmou a deputada popular Alicia Sánchez-Camacho, citando uma declaração que terá sido proferida em 2002 por Mas.

Em guerra aberta com Madrid, o presidente do governo autónomo lançou a bomba a 12 de Dezembro ao convocar para 9 de Novembro um referendo à independência e revelar o que pretende perguntar aos catalães. “Quer a Catalunha seja um Estado? Sim ou Não?” E se sim, “quer que esse estado seja independente” é a dupla questão que quer inscrever no boletim de voto.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, respondeu-lhe que Madrid jamais autorizará uma consulta que diz ser inconstitucional. Ao pedir a Madrid que autorize o governo autónomo a organizar a votação – um procedimento idêntico ao que abriu caminho ao referendo na Escócia, agendado para 18 de Setembro – o Parlamento catalão limita-se a cumprir um preceito institucional, sabendo de antemão que o pedido será rejeitado pelos dois maiores partidos em Madrid. Contudo, escreve o El País, o verdadeiro objectivo é rentabilizar o anunciado “não” de Madrid para convencer os indecisos de que não é possível negociar com o governo espanhol para, num segundo momento, convocar eleições antecipadas que seriam vistas como um plesbicito ao desejo de independência dos catalães.

Consciente dos riscos de fractura, no país e no partido, o PSOE opõe-se ao referendo, mas pede aos dois governos que não rompam o diálogo.  
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar