Confrontos intensificam-se em Moçambique e chegam à Região Sul

Elementos do Exército e homens armados que serão da Renamo lutaram esta terça-feira no distrito de Homoíne, província de Inhambane.

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Muitas pessoas deixaram as aldeias onde vivem, vindo para as cidades, por receio da instabilidade na província de Inhambane Nelson Garrido

A instabilidade militar que marcou a vida em Sofala, no Centro de Moçambique, há dois meses, intensificou-se nos últimos dias nesta mesma região e está agora também a reproduzir-se mais a sul, pela primeira vez desde que os confrontos regressaram ao país no ano passado.

Na província de Inhambane, o distrito de Homoíne, tristemente célebre por ter vivido o maior massacre protagonizado pelos guerrilheiros da Renamo durante os 16 anos de guerra civil (1976-1992), tem recebido, nos últimos dias, populações em fuga de outros pontos do distrito. E o posto de Pembe, em particular, estava esta terça-feira a ser palco de combates. Estes já teriam provocado feridos, segundo disse à Lusa o coordenador de uma rádio local, Berlaves Alexandre.

Na segunda-feira, o jornal MediaFax noticiara que a Renamo tinha reactivado a sua base em Pembe, a cerca de 60 quilómetros da cidade costeira de Inhambane e a 400 quilómetros de Maputo. Nessa base, estaria cerca de uma centena de homens armados de espingardas AK-47, segundo as fontes deste jornal. O MediaFax adiantava ainda que os homens não eram da zona onde estavam agora destacados e que não tinham feito mal às populações, o que também foi dito à Lusa por Berlaves Alexandre.

O líder da Renamo Afonso Dhlakama continua em parte incerta, desde que o quartel onde residia há um ano, em Satungira, na Gorongosa, foi tomado por forças do Exército a 21 de Outubro. Desde então, os confrontos passaram a ser mais frequentes na província de Sofala, onde também se intensificaram, nos últimos dias, segundo o jornal moçambicano O País, que fala em pelo menos 3500 deslocados só no distrito da Gorongosa.

O jornalista e analista moçambicano Salomão Moyana considerou, num texto publicado num blogue, serem estes últimos desenvolvimentos um sinal de que “Moçambique está a mergulhar a olhos vistos num conflito armado que, dentro em breve, ameaça ser generalizado e de consequências inimagináveis” e que podia ser facilmente resolvido se houvesse vontade das duas partes – Renamo e Governo da Frelimo.
 

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