Duarte Lima mantém-se em prisão domiciliária por mais três meses

Antigo líder parlamentar do PSD está em casa e sujeito a vigilância electrónica desde Maio de 2012

Duarte Lima, um dos seis arguidos em julgamento no processo relacionado com aquisições de terrenos no concelho de Oeiras, através de empréstimo concedido pelo BPN, vai manter-se em prisão domiciliária por mais três meses.

Segundo fonte judicial, a juíza Filipa Valentim, que preside ao colectivo de juízes da 7.ª Vara Criminal de Lisboa, prolongou a medida restritiva de liberdade imposta a Duarte Lima, com pulseira electrónica.

O antigo líder parlamentar do PSD encontra-se com a obrigação de permanecer na residência com vigilância electrónica desde Maio de 2012.

Na avaliação das medidas de coacção aplicadas a Duarte Lima, a magistrada decidiu ainda revogar a determinação de contacto com os restantes arguidos, entre os quais o filho e o sócio do antigo deputado.

Duarte Lima foi detido a 17 de Novembro de 2011 juntamente com o filho, Pedro Lima.

O juiz do tribunal de instrução criminal determinou que Duarte Lima ficasse em prisão preventiva até Maio de 2012, enquanto Pedro Lima foi colocado em liberdade, após o pagamento de uma caução de meio milhão de euros.

O antigo deputado é acusado de três crimes de burla qualificada, dois crimes de branqueamento de capitais e um crime de abuso de confiança na forma agravada. Pedro Lima está indiciado da prática de um crime de burla qualificada e um crime de branqueamento de capitais.

O sócio de Duarte Lima, Vítor Raposo, é suspeito da prática de um crime de burla qualificada, em co-autoria com o antigo deputado e Pedro Lima. O Ministério Público deduziu ainda acusação contra João de Almeida Paiva e Pedro de Almeida Paiva por três crimes cada um (burla qualificada, infidelidade e falsificação de documento).

Já Francisco Canas está acusado de um crime de branqueamento de capitais relacionado com o recebimento de fundos de Duarte Lima e colocação em contas bancárias na Suíça. Canas está a ser investigado pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) no âmbito do processo Monte Branco, relacionado com branqueamento de capitais e fraude fiscal.

À excepção de Canas, com regime de obrigatoriedade de apresentação periódica e de proibição de ausência no estrangeiro, e de Duarte Lima, todos os outros arguidos se encontram sujeitos à medida de coacção menos gravosa – termo de identidade e residência.

Duarte Lima, Pedro Lima e Vítor Raposo constituíram o fundo Homeland para a aquisição dos terrenos em Oeiras, em 2007, nas imediações do local onde esteve prevista a construção da sede do Instituto Português de Oncologia (IPO), projecto que acabou por ser abandonado.

O Banco Português de Negócios (BPN) emprestou à sociedade de Duarte Lima, Pedro Lima e Vítor Raposo um total de 42.995.000 euros, tendo ficado, como garantia real, com o penhor das unidades de participação da Homeland, no valor de dez milhões de euros, e com a propriedade sobre os 44,7 hectares.

A 20 de Março deste ano, menos de um mês antes do início do julgamento, a Parvalorem, sociedade criada no âmbito do Ministério das Finanças para recuperar créditos do BPN, aceitou a dação em pagamento dos terrenos.

No entanto, a Parvalorem, constituída assistente no julgamento na 7.ª Vara Criminal, pediu ao tribunal uma indemnização de 54 milhões de euros por dívida ao BPN, tendo Duarte Lima requerido entretanto a extinção do pedido.

 

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