BE acusa PSD de viver “no mundo da lua e numa realidade ficcional”

Catarina Martins congratulou-se por o PS ter recusado "ser cúmplice de um Governo moribundo" e defendeu eleições antecipadas.

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A propósito da X Convenção do Bloco, a sua prota-voz deu uma entrevista à Lusa Nelson Garrido

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) acusou neste sábado o PSD de viver “no mundo da lua e numa realidade ficcional”, aludindo às explicações dadas pelo vice-presidente do partido sobre o fracasso nas negociações com o PS.

“O país está há 20 dias sem Governo, e o PSD fez hoje um discurso sobre os bons resultados, orgulhando-se. Mas em que mundo é que vive o PSD? No mundo da lua, ficcional e longe da realidade”, afirmou Catarina Martins durante o discurso de apoio ao candidato do BE à Câmara de Salvaterra de Magos, no distrito de Santarém.

Antes, o vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, tinha acusado o PS de se ter sentado à mesa de negociações com uma posição de “irrealismo” e garantiu que os sociais-democratas estão de “consciência tranquila” já que estiveram dispostos a fazer “concessões políticas” ao partido de António José Seguro – nomeadamente aceitar a realização das legislativas um ano mais cedo, como indicou o Presidente da República.

Jorge Moreira da Silva, numa declaração de reacção ao fracasso do diálogo para o compromisso de salvação nacional pedido por Cavaco Silva e às declarações proferidas na sexta-feira pelo secretário-geral do PS, garantiu ainda assim que o actual Governo de coligação considera que “existem condições de estabilidade e de coesão” para continuar à frente do país.

Em reacção, a líder bloquista disse que “ainda bem que o PS” recusou o acordo com os partidos da maioria para a criação de um “Governo de Salvação Nacional”, proposto pelo Presidente da República, o qual, segundo Catarina Martins, só tem uma alternativa: “convocar eleições antecipadas”. Entretanto já se sabe que Cavaco Silva tem uma comunicação ao país marcada para as 20h30 de domingo.

A coordenadora do BE sublinhou que a crise política “não começou com os bons resultados” alcançados pela coligação PSD/CDS-PP, mas antes pela carta de Vítor Gaspar a “reconhecer o falhanço no programa de ajustamento”, e pela carta do ministro e líder do CDS-PP, Paulo Portas, a pedir a demissão do Governo, “por não ter confiança no mesmo”.

Catarina Martins acusou ainda Cavaco Silva e os socialistas de “entrarem num jogo perigoso”. O primeiro por ter proposto que PS, PSD E CDS-PP encetassem negociações com vista à criação de um “Governo de Salvação Nacional”, o segundo por ter aceitado o repto. “Ainda bem que o PS recusou ser cúmplice de um Governo moribundo”, sublinhou a bloquista.

Quanto ao Presidente da República, “andou a perder tempo a tentar salvar a coligação de direita, e com jogos a ver se conseguia reciclar ou recauchutar o Governo. Não há acordo [entre PS/PSD e CDS-PP], e a única alternativa que tem é marcar eleições antecipadas, pois essa é a única saída de que precisamos e a única forma de ultrapassarmos a crise”.

A coordenadora reiterou que é necessário juntar as forças de esquerda para que haja uma alternativa ao Governo, e frisou que o BE “mantém as portas abertas” para receber e conversar com todos, apesar de o PS “ter preferido negociar com a direita”.

Salvaterra de Magos é a única Câmara no país presidida pelos bloquistas, tendo tido como presidente, ao longo dos últimos 16 anos, Ana Cristina Ribeiro que, ao abrigo da lei de limitação de mandatos, não se pode recandidatar. O vice-presidente da autarquia, Manuel das Neves, é o candidato do BE nas eleições autárquicas agendadas para 29 de Setembro.

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