Bloco desafia PS a alinhar numa moção de censura ao Governo

Catarina Martins insiste na demissão imediata do Governo e critica "cinismo" de Paulo Portas e de Passos Coelho.

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Depois de uma nega, há uns meses, do PS, os bloquistas voltam a desafiar os socialistas para clarificarem "onde está a esquerda e a direita em Portugal". Manuel Roberto

O coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo desafiou este sábado o PS a alinhar numa moção de censura contra o Governo, na sequência do anúncio das medidas resultantes da sétima avaliação da troika em Portugal.

Num recado directo ao secretário-geral do PS, António José Seguro, o coordenador do Bloco de Esquerda sustentou que “a gravidade das medidas” anunciadas na sexta-feira pelo ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, que “significam mais três anos de austeridade, de recessão e desemprego justificam uma moção de censura”.

“Fizemos esse desafio ao PS e teve na altura uma resposta negativa, mas agora a situação evoluiu ainda mais dramaticamente para o país e para muitos milhares de portugueses. É altura de o PS dizer não ao memorando da troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional)”, declarou João Semedo à margem de um colóquio, em Lisboa, promovido pelo Bloco de Esquerda sobre “Desigualdade e pobreza”.

Para o coordenador do Bloco de Esquerda, “é altura de o PS dizer não à troika e apresentar uma moção de censura que clarifique politicamente onde está a esquerda e onde está a direita em Portugal”.

“Dar cabo da democracia com a ditadura da dívida”

Para o Bloco, a sétima avaliação da troika deve ter consequências concretas. A coordenadora Catarina Martins insistiu este sábado na demissão do Governo, fazendo duras acusações aos ministros de Estado Vítor Gaspar e Paulo Portas.

“O que Vítor Gaspar propõe é mais uma década de austeridade. Propõe que os avós vivam pior para construir um futuro em que os filhos vivem pior do que os pais e em que os netos vivem pior do que os avós. O que Vítor Gaspar propõe é a destruição da democracia no garrote da dívida”, sustentou a dirigente bloquista.

O que o Governo propõe é “mais desastre, mais desemprego, mais cortes e mais empobrecimento”, insistiu Catarina Martins.

Depois, a coordenadora bloquista citou críticas feitas em 2010 pelo líder do CDS, Paulo Portas, ao Governo socialista de José Sócrates. “Um ano e meio depois de Governo PSD/CDS, o endividamento aumentou mais 50 mil milhões de euros, subiram os impostos mais 30 por cento, há mais 400 mil desempregados. Quem fez discursos contra a situação económica do país em 2010 não pode agora esconder-se a inaugurar ginásios a milhares de quilómetros de distância. Paulo Portas tem de demitir-se”, afirmou, recebendo uma prolongada salva de palmas.

A coordenadora do Bloco de Esquerda estendeu a seguir a exigência de demissão a todo o Governo, incluindo o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. “Demitam-se, porque o país apreciaria muito esse gesto”, declarou.

Ainda em relação a Paulo Portas, Catarina Martins considerou que “há limites para o cinismo na política”. Paulo Portas e Pedro Passos Coelho “não têm rumo e querem dar cabo da democracia com a ditadura da dívida”, acrescentou.
 

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