Sondagem da Rai dá vitória ao centro-esquerda em Itália

Urnas fechadas – agora só falta contar o voto de cada italiano. Só depois Pier Luigi Bersani fará o discurso da vitória.

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Bersani ainda via ter que esperar para cantar vitória Paolo Bona/Reuters

O mau tempo acabou por não fazer grande mossa e 55,17% dos mais de 50 milhões de eleitores italianos votaram ainda no domingo para dizer quem querem ver sentar-se nas duas câmaras do Parlamento. Os mesmos votos servirão para definir quem formará Governo, mas terão de estar contados todos os boletins até o líder do centro-esquerda, Pier Luigi Bersani, poder celebrar a sua eleição para primeiro-ministro. As urnas só encerraram às 15h (uma hora mais cedo em Lisboa).

Segundo uma sondagem realizada à boca das urnas pelo Instituto Poli para a televisão pública Rai, o Partido Democrático (que se apresenta coligado com o Esquerda, Ecologia e Liberdade, de Nichi Vendola) de Bersani chega aos 38% dos votos, à frente da aliança de centro-direita de Silvio Berlusconi (o seu Povo da Liberdade volta a apresentar-se aliado à Liga Norte), que reúne 30%. Segue-se o Movimento 5 Estrelas, de Beppe Grillo, com 19%.

Ainda de acordo com a mesma sondagem, a aliança de Bersani conquista a maioria nas duas câmaras do Parlamento, sem precisar, por isso, de se preocupar com o resultado de Mario Monti, que a Rai diz não ter obtido mais de 7 a 9% dos votos.

Resultados oficiais só começarão a ser conhecidos pelas 16h e demorará várias horas até se saber se a sondagem da Rai acertou e se Bersani tinha razão quando sábado, ao chegar a casa, na Emília-Romana, tentou sossegar os seus apoiantes. “Não vai ser como em 2006”, disse-lhes.

Em 2006, as sondagens previam uma vitória folgada para as listas da União, a coligação liderada por Romano Prodi que integrava os partidos que haveriam de formar o PD. Prodi ganhou, mas apenas por 25 mil votos. Formou Governo, mas um Governo de pouca dura.

O cenário mais provável tendo em conta as sondagens disponíveis permitia antever para as listas do PD a maioria na Câmara dos Deputados, a câmara baixa do Parlamento. Em relação ao Senado, os últimos inquéritos deixavam tudo em aberto: podia cair para o PD, mas também para o centro-direita de Berlusconi.

Na verdade, até se admitia como possível que o partido mais votado para o Senado fosse o partido antipartidos, o 5 Estrelas, de Grillo. As últimas sondagens davam 16% de intenções de voto às suas listas de cidadãos sem experiência política, mas alguns analistas admitiam que pudessem chegar aos 20%, uma votação verdadeiramente avassaladora para um movimento acabado de nascer.

As últimas sondagens foram publicadas a 8 de Fevereiro; desde então, especulava-se sobre o que diriam as sondagens secretas. Que Berlusconi parou de subir e manteve a desvantagem de 6% para o PD que se conhecia até ao arranque oficial da campanha. E que Grillo continuou a ganhar votos nas duas semanas em que percorreu as praças de Itália com o seu Tsunami Tour, por exemplo.

A aposta mais segura sobre os resultados aparece confirmada na sondagem à boca das urnas da Rai – era aquela que permitia prever qual seria o quarto bloco mais votado: a Escolha Cívica, liderada por Mario Monti, o ex-comissário europeu que governou nos últimos 14 meses sem ter sido eleito e agora se candidata à chefia do executivo à frente de vários grupos de centro.

Da votação de Monti pode depender a sorte de Bersani: se juntos tiverem maioria no Senado, é quase certo que se entenderão para assumir o poder e o Presidente da República, Giorgio Napolitano, não terá dúvidas em chamar Bersani a formar governo. Talvez Bersani nem precise de Monti, afinal. Mas será preciso esperar mais um pouco para ter certezas.

 
 
 
 
 

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