Seguro impõe retirada do corte de 4000 milhões para debater reforma do Estado

Passos Coelho recusou desafio de líder do PS e respondeu que se o partido quer discutir a reforma do Estado, então integre a comissão parlamentar recém-aprovada.

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Seguro para Passos: "O senhor quer mesmo o PS no debate sobre a reforma do Estado?” Rui Gaudêncio

O líder do PS, António José Seguro, impôs esta sexta-feira ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, a retirada da proposta do corte de despesa estrutural de quatro mil milhões de euros como condição para participar no debate da reforma do Estado.

“O senhor quer mesmo o PS no debate sobre a reforma do Estado?”, questionou Seguro, por duas vezes, deixando o plenário em silêncio pela surpresa da pergunta. “Eu faço-lhe uma proposta: retira de imediato do memorando o compromisso do corte de quatro mil milhões e tem o PS a debater a reforma do Estado”, desafiou.

António José Seguro falava no debate sobre a preparação do próximo Conselho Europeu, e que se seguiu ao debate quinzenal com o primeiro-ministro. Passos tinha terminado o debate anterior fazendo precisamente uma duríssima crítica aos partidos da oposição, em particular ao PS, por se recusar a integrar a comissão parlamentar eventual para a reforma do Estado, como têm feito vários dirigentes sociais-democratas nos últimos dias.

No debate sobre Europa, o primeiro-ministro já tinha feito a sua intervenção inicial e, pelo regimento, já não dispunha de tempo para responder ao líder do principal partido da oposição.

Passos Coelho esperou meia hora para dar uma redonda negativa a António José Seguro. O primeiro-ministro fez questão de separar bem as duas questões. “Seja sério: se não quer ir à comissão de debate da reforma do Estado não vá, mas não queira utilizar pretextos para fugir ao debate. Se quer, diga que quer, e vá lá, integre a comissão.”

O chefe do Governo avisou ainda que se a intenção do líder é “discutir teoricamente a reforma do Estado, sem metas financeiras, esse é um debate estéril. Ninguém se empenhará a fazer um debate sério sobre a reforma do Estado sem tirar daí resultados financeiros”.

“A chantagem sobre o Governo de que este não deve incluir poupanças permanentes de quatro mil milhões de poupança a partir de 2014 não pode ser levada a sério”, rematou Passos Coelho entre aplausos sonoros e constantes das bancadas da maioria.

 
 
 

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