Reino Unido junta-se aos EUA no aviso à Síria sobre recurso a armas químicas

Foto
Cameron e Obama consideram "inaceitável" o uso de armas químicas pela Síria Foto: Nicholas Kamm/AFP

O Reino Unido juntou-se aos Estados Unidos no aviso a Damasco de que um eventual uso de armas químicas por parte do regime de Bashar al-Assad contra a rebelião na Síria irá forçar Londres a “reavaliar a abordagem” ao conflito que assola o país há ano e meio.

Este aviso surgiu após o primeiro-ministro britânico, David Cameron, ter conversado ao telefone com o Presidente norte-americano, Barack Obama, ainda ontem à noite – tendo ambos concordado que “o uso ou a ameaça de recurso a armas químicas é completamente inaceitável e obrigará” a essa reavaliação, segundo um porta-voz de Downing Street.

Já no início desta semana Obama alertara que a posição dos Estados Unidos em relação à crise na Síria – de não intervenção militar no terreno – mudaria se Damasco ultrapassasse “a linha vermelha” do uso de armas químicas no combate à rebelião.

Um relatório recente, que agrega informações dos serviços secretos turcos, de países árabes e ocidentais, estima que o arsenal de armas químicas da Síria ronda as mil toneladas, incluindo gás mostarda e gás sarin, armazenadas em 50 cidades do país. A CIA crê que o programa químico sírio está a ser desenvolvido há vários anos e que este armamento pode ser lançado por aviões, mísseis balísticos e rockets de artilharia.

Para a China – que se tem mantido contra todas as possibilidades de uma intervenção militar internacional na Síria – o argumento das armas químicas está a ser usado pelas potências ocidentais como uma “desculpa” para justificar essa mesma intervenção. A agência noticiosa estatal chinesa Xinhua avaliou mesmo que os comentários de Obama foram “perigosamente irresponsáveis”, que vão agravar o conflito e reduzir as hipóteses de uma resolução política para a crise na Síria.

Cameron e Obama mantiveram conversações ontem à noite também como o Presidente francês, François Hollande, em que debateram “a forma de reforçar o apoio que já está a ser dado à oposição” ao regime de Damasco e como “ajudar um potencial governo sírio de transição após a inevitável queda de Assad, segundo o porta-voz de Downing Street.

Os três líderes debateram ainda a situação dos milhares de refugiados sírios. “O primeiro-ministro [britânico] sublinhou a necessidade de trabalhar com as Nações Unidas e frisou que tem que ser feito mais pela comunidade internacional para canalizar a ajuda humanitária através das nações Unidas”, precisou aquela fonte.

Sugerir correcção
Comentar