Centro-esquerda perde vantagem face aos conservadores nas sondagens para as europeias

Socialistas europeus têm apenas mais um eurodeputado do que os conservadores na última sondagem Poll Watch para as eleições de Maio para o Parlamento Europeu.

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O centro-esquerda tem vindo a descer nas sondagens para o PE e a vantagem está agora dentro da margem de erro Frederick Florin/AFP

É a mais pequena das vantagens das três sondagens até agora realizadas pela Poll Watch para as eleições europeias do final de Maio: apenas mais um eurodeputado para o grupo de centro-esquerda. O candidato do grupo, Martin Schulz, aparece por seu lado em desvantagem em relação ao rival conservador, Jean-Claude Juncker.

Segundo os últimos dados da Poll Watch (que tem um modelo estatístico próprio em que junta sondagens nacionais e faz um ajustamento tendo em conta a especificidade das europeias e alianças de deputados independentes), o grupo Socialistas e Democratas (S&D) deverá obter 214 deputados num Parlamento de 751. O mesmo inquérito prevê 213 deputados para o grupo Partido Popular Europeu (PPE). A diferença entre os dois maiores grupos do PE está agora, a cerca de dois meses da votação, dentro da margem de erro.

Desde 1994 que o centro-esquerda não obtém uma vitória no Parlamento Europeu. A primeira sondagem da Poll Watch, há um mês, dava-lhe uma vantagem de 17 eurodeputados sobre os conservadores (217 para 200) mas a diferença tem vindo a diminuir, com vários partidos do grupo dos populares a recuperarem em vários países nas últimas semanas. 

Em Portugal, o Partido Socialista está à frente da coligação Partido Social Democrata-Partido Popular, embora também por uma margem mínima: 38% para 37%. A primeira sondagem, de 19 de Fevereiro, dava o PSD-PP à frente com 37% e o PS com 36%.

Em relação aos outros grupos a nível europeu, os liberais mantêm-se em terceiro lugar na sondagem, com 66 deputados, tal como no primeiro inquérito, depois de uma queda na sondagem de 5 de Março. A Esquerda Unida continua no quarto lugar com uma projecção de 59 eurodeputados.

Ao contrário de outras projecções, a sondagem da Poll Watch não dá a partidos eurocépticos como a Frente Nacional (França) o primeiro lugar, prevendo 20% contra 22 para a UMP, ou como o UKIP (Reino Unido), prevendo para este 25,3% contra 31% dos trabalhistas. Já na Holanda o partido de Geert Wilders aparece empatado com o Partido Liberal no primeiro lugar, ambos com com 17%.

Um dos responsáveis das projecções Poll Watch, Simon Hix, da London School of Economics, comentou que com um resultado como o sugerido por este inquérito, o candidato sugerido pelo grupo parlamentar conservador à presidência da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, poderá ter mais apoio no hemiciclo europeu do que Martin Schultz, o candidato do centro-esquerda.

Juncker deverá contar com os votos do seu grupo e ainda dos liberais e do grupo dos conservadores e reformistas (325 eurodeputados, ou seja 43%), e o rival com os votos do grupo de esquerda e ecologista (309 eurodeputados, 41,4%). Mas há muitas incógnitas, como o que votarão os eurodeputados que não pertencem a qualquer grupo ou que estão num grupo não alinhado, que serão mais de cem.

Estas eleições são as primeiras em que o Parlamento anuncia candidatos preferidos de cada grupo. No entanto, isso não quer dizer que o mais votado ou mesmo o preferido do PE seja mesmo escolhido. Caso haja um resultado muito próximo entre Juncker e Schulz, antecipam Simon Hix e outro dos responsáveis do PollWatch, Kevin Cunnigham, isso poderá facilitar uma tentativa dos governos da UE escolherem um outro candidato e o submeterem depois à aprovação do Parlamento Europeu.

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