Senado dos EUA assume responsabilidade pelas negociações orçamentais

Congressistas republicanos falharam acordo com a Casa Branca.

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A Estátua da Liberdade já reabriu ao público Kena Betancur/Getty Images/AFP

Os líderes republicanos da Câmara de Representantes abandonaram as negociações com a Casa Branca sem alcançar um acordo que permita reabrir os serviços do Governo federal norte-americano, parcialmente encerrados há duas semanas, e evitar o “default” do país.

“Não há acordo nem negociações”, informou o speaker do Congresso, John Boehner, ao fim da manhã deste sábado, dispensando informalmente os membros da sua bancada conservadora, que deixaram Washington para passar o fim-de-semana nos respectivos círculos eleitorais.

“Estou desiludido por o Presidente ter rejeitado a oferta que deixamos em cima da mesa, e espero que os republicanos no Senado sejam capazes de se mostrar tão firmes quanto nós”, comentou o líder da maioria republicana, Eric Cantor.

A tarefa de encontrar uma solução para a crise fiscal e orçamental dos EUA passa agora para o Senado, onde os democratas detém a maioria. O líder dos democratas do Senado, Harry Reid, prometeu agendar rapidamente a votação de uma proposta “simples” para uma extensão de 15 meses do limite do endividamento dos Estados Unidos.

Segundo todas as projecções, a capacidade de financiamento do país deverá esgotar-se na próxima quinta-feira, e se não houver um voto que autorize o levantamento do tecto máximo da dívida a economia norte-americana deixará de poder honrar os seus compromissos financeiros.

Os senadores republicanos já disseram que não deixar que esse cenário de catástrofe financeira possa materializar-se, mas não desistiram de forçar os democratas à negociação, recorrendo a um procedimento administrativo para impedir que a proposta democrata fosse discutida e votada no hemiciclo.

A expectativa é que, ao contrário do que aconteceu com os congressistas republicanos, os senadores democratas aceitem trabalhar em conjunto para ultimar uma solução assente num rascunho avançado pela senadora republicana Susan Collins, uma moderada do Maine.

A sua proposta orçamental prevê o financiamento do Governo federal, nos montantes actuais, durante seis meses (ou seja, até ao próximo mês de Março) e a subida do limite da dívida até ao fim de Janeiro. A votação da proposta, que resolveria as duas crises imediatas, pressupõe a constituição de uma comissão bipartidária para definir os termos do novo orçamento de Estado – que a facção do Tea Party no Congresso recusou votar por causa da sua oposição ao programa para a cobertura obrigatória da população com seguros de saúde conhecido como “Obamacare”.

A Casa Branca ainda não se manifestou oficialmente sobre a solução oferecida pelo Senado, mas o Presidente Barack Obama tinha manifestado abertura para assinar uma extensão temporária do limite da dívida (o plano do speaker republicano era apenas por um prazo de seis semanas) desde que o funcionamento dos serviços públicos ficasse garantido na mesma lei.

Só que os congressistas republicanos recusaram votar uma proposta orçamental “limpa”, isto é, sem cortes no financiamento do Obamacare. No rascunho de Collins, a única concessão que a Casa Branca teria de fazer no seu programa de saúde seria o adiamento de um novo imposto de 2,3% sobre equipamentos médicos.

Ao fim de duas semanas de “shutdown”, a apreciação dos americanos sobre o desempenho dos legisladores de Washington caiu para o valor mais baixo de sempre (desde que começaram a realizar-se inquéritos regulares). Segundo uma sondagem HuffPost/YouGov ontem divulgada, só 25% dos inquiridos estão dispostos a reeleger o congressista que actualmente responde pelo seu círculo eleitoral. Em contrapartida, 47% estão determinados em afastar o seu actual representante no Congresso – um número que deixa a actual bancada republicana em risco de perder a maioria nas eleições intercalares de 2014.

Algumas atracções reabrem aos turistas
Privados das receitas do turismo, os governos estaduais norte-americanos começaram a assumir os custos de operação dos parques e monumentos mais visitados do seu território, substituindo-se às autoridades federais.

O Serviço Nacional de Parques recebeu “donativos” de milhares de dólares do Arizona, Colorado, Utah, Dakota do Sul e Nova Iorque, para pagar o regresso ao trabalho dos funcionários que garantem as operações turísticas em locais como o Grand Canyon ou o Mount Rushmore. Em Nova Iorque, a reabertura da estátua da Liberdade custou 369.300 dólares aos cofres do governo estadual — e esse montante só assegura a operação até ao próximo dia 17, o “dia d” da crise fiscal.


 
 
 

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