Rússia e a China prestes a assinar acordo no gás natural

Gazprom abre novo mercado numa altura em que Moscovo que confronta com sanções internacionais por causa da Ucrânia

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logotipo da Gazprom Alexander Demianchuk/REUTERS

Moscovo e Pequim estão prestes a assinar um acordo de 30 anos para o envio de 38 mil milhões de metros cúbicos de gás natural russo por ano para a China a partir de 2018. O contracto deverá ser selado na visita de Vladimir Putin a Xangai nos dias 20 e 21 de Maio.

O acordo que criará um novo e importante mercado para a empresa Gazprom, detida maioritariamente pelo Estado russo, está a ser negociado há dez anos, complicado pelas questões do preço e da rota das condutas de gás. Em 2014, as importações chinesas de gás natural chinesas devem aumentar 20%, para 186 mil milhões de metros cúbicos, diz a televisão russa RT.

Para Moscovo, selar o acordo agora seria um contraponto às sanções ocidentais. “O acordo ajudará a Rússia a diversificar as suas rotas de gás, e a China poderá aliviar o seu défice de energia e aumentar a segurança ambiental”, comentou Putin.

No passado domingo estiveram reunidos, em Pequim, o presidente da Gazprom Alexei Miller e o seu homólogo Zhou Jiping, da China National Petroleum Corporation (CNPC), para discutirem os detalhes finais, como o preço. Segundo a televisão russa em inglês russo RT, rondará entre os 250 e 300 euros por mil metros cúbicos.

Outra questão que tem atrasado o acordo é saber como chegará o gás natural à China. Segundo o site oficial da Gazprom, será entregue através da Sibéria Oriental e do Extremo Oriente, mais precisamente via Vladivostok, cidade portuária da Rússia no Mar do Japão, ou através da cidade de Blagoveshchensk, uma cidade litoral na região de Amur.

Nos dias 20 e 21 de Maio os líderes das duas potências não se vão limitar às negociações do gás natural. Irão também discutir vários aspectos das relações Rússia-China, incluindo sistemas de pagamentos, a cooperação militar e projectos de infra-estrutura futuros. De acordo com Iuri Ushakov, assessor de Vladimir Putin, há 30 a 43 acordos que estão a ser preparados.

“Agora é a altura perfeita para a Rússia diminuir a sua dependência da Europa Ocidental. A diversificação é uma estratégia para que a Rússia mantenha boas relações comerciais quer com a Europa mas também com a China”, afirmou à RT Benedicto Yujuico, presidente da Confederação da Ásia-Pacífico para o Comércio e Indústria.

Europa continua a ser o maior importador de energia da Rússia, tendo mesmo comprado mais de 160 mil milhões de metros cúbicos de gás natural em 2013. No entanto, as tensões recentes causadas pelas acções da Rússia na Ucrânia têm forçado os ministros europeus a repensar a sua dependência do gás russo.

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