A Rússia bloqueou uma página do Facebook que apelava a uma manifestação a 15 de Janeiro, em apoio do líder da oposição Alexei Navalni, que está em prisão domiciliária e para quem o Ministério Público pediu na semana passada dez anos de prisão, num dúbio processo de corrupção.

Esta medida de controlo da Internet sucede no fim de uma semana de grande agitação, em que a queda acelerada do rublo abalou a confiança popular no Presidente, Vladimir Putin.

Já dez mil pessoas se tinham inscrito para ir à manifestação quando a página foi retirada da rede. Existe outra página, acessível apenas através de um endereço de IP que não é russo, e ao qual só pode aceder cidadãos fora da Rússia, diz a AFP. Esta tarde tinha 15.700 inscritos, diz o Financial Times.

As autoridades afirmam que a página “tinha apelos para eventos de massas não autorizados”, mas que o Facebook na Rússia acedeu ao pedido para o bloqueio.

As autoridades russas aumentaram muito o controlo sobre a Internet este ano. Em Fevereiro, entraram em vigor leis que dão poder ao Procurador-Geral para ordenar o bloqueio de sites ou de contas de web social mesmo sem um mandado judicial.

Em Maio, um alto responsável da Roskomnadzor - a autoridade reguladora do sector de comunicações - ameaçou publicamente bloquear o Twitter na Rússia e queixou-se de que o Google e o Facebook não davam resposta às exigências do Governo russo de bloquear conteúdos considerados ilegais por Moscovo.

Há receio no Kremlin de que possa nascer na Rússia uma revolta semelhante às Primaveras Árabes ou à revolução ucraniana. A Internet é um meio de comunicação não muito compreendido pelo círculo próximo de Vladimir Putin: a televisão é o seu meio por excelência para comunicar e moldar a opinião pública russa, dizem múltiplos analistas da sociedade russa.