Digressão sul-americana de Putin marcada por acordos no sector energético

“Vamos dar apoio aos nossos amigos cubanos para superar o embargo ilegal”, disse Putin em Havana. Em Buenos assinou acordo sobre energia nuclear e anunciou emissões da estação RT.

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Putin com Fidel, em Havana Alex Castro/AFP

O Presidente russo, Vladimir Putin, comprometeu-se a ajudar Cuba na prospecção petrolífera marítima e encontrou-se em Havana com o antigo líder da ilha, Fidel Castro, e com o actual, o irmão, Raul, no início de uma digressão pela América Latina. Mais tarde, na Argentina assinou um acordo sobre energia nuclear e anunciou que as emissões da televisão RT passam a ser transmitidas no país.

Cuba produz cerca de 55 mil barris petróleo por dia, explorado em  terra, e depende em grande medida da importação de 110 mil barris diários de petróleo venezuelano – segundo dados divulgados pela Reuters. Uma eventual descoberta de grandes quantidades de petróleo teria, naturalmente, um enorme efeito na economia do país. Na comitiva russa segue o presidente da empresa petrolífera Rosneft, Igor Sechin, um dos visados pelas sanções norte-americanas à Rússia, devido à crise na Ucrânia.

 “Vamos dar apoio aos nossos amigos cubanos para superar o embargo ilegal”, disse, citado pela agência, Putin, que permaneceu algumas horas em Havana, onde reactivou laços do tempo da era soviética e recebeu a mais alta condecoração do país, a medalha José Martí. Os Estados Unidos mantêm há 52 anos um embargo económico à ilha.

Putin prometeu também reinvestir em projectos de desenvolvimento 3,5 mil milhões de dólares de dívida de Cuba à Rússia (mais de 2,5 mil milhões de euros). Diplomatas colocados em Havana admitiram à Reuters a possibilidade de esse investimento poder consistir na conversão desses créditos em participações russas em empresas estatais cubanas.

O “reinvestimento” faz parte de um acordo de perdão de 90% de uma dívida calculada em 32 mil milhões de dólares (mais de 23,5 milhões de euros) de empréstimos que datam na sua maior parte da era soviética.  O perdão da dívida foi aprovado pelo Parlamento russo na véspera de o Presidente deixar Moscovo.

O líder russo manifestou também o interesse de empresas do seu país em fazerem negócios na zona económica especial de Mariel, perto de Havana, onde ainda não opera qualquer empresa estrangeira.

De Cuba, Putin seguiu para a Nicarágua, onde fez uma breve paragem não anunciada previamente. Durante esta paragem, segundo a AFP, discutiu ao longo de uma hora a cooperação bilateral com o Presidente, Daniel Ortega.

Seguiu depois, como previsto, para a Argentina, onde assinou um acordo de cooperação na área da energia nuclear. O ministro da energia, Alexander Novak, disse que a agência atómica russa, Rosatom, fez propostas para a construção de dois novos reactores.

Em Buenos Aires, Putin anunciou também que a televisão internacional russa, RT, cai começar a transmitir as suas emissões em castelhano na Argentina, a partir do próximo dia 24 de Julho. A RT será o primeiro canal estrangeiro a ser difundido a par dos canais nacionais, informou a própria estação.

A digressão latino-americana inclui o Brasil, onde vai assistir à final do campeonato do Mundo de futebol, neste domingo. O próximo torneio, em 2018, será na Rússia.

No Brasil, o Presidente russo manterá contactos bilaterais – eventualmente com a chanceler alemã, Angela Merkel, que se desloca ao Rio de Janeiro para assistir à  final entre a Alemanha e Argentina – e participará, terça e quarta-feira, numa cimeira do BRIC (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Numa entrevista à agência Itar-Tass, na sexta-feira, Putin disse que o Brasil e outros países emergentes devem desempenhar um maior papel nos assuntos internacionais.

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