Polícia moçambicana detém suspeitos da morte de constitucionalista

“São apenas os executantes, falta determinar a identidade dos mandantes”, disse o porta-voz da polícia de Maputo.

Foto
dr

A polícia moçambicana deteve dois suspeitos do assassínio do jurista moçambicano Gilles Cistac, morto no início de Março em Maputo.

Os suspeitos, identificados como Lúcio Manuel e Arsénio Nhampossa, “foram detidos na semana passada, no quadro das investigações sobre a morte de Gilles Cistac”, disse, esta segunda-feira, à AFP, o porta-voz da polícia de Maputo, Arnaldo Chefo.

Foram apresentados na sexta-feira ao tribunal de Maputo, que “confirmou a detenção com base em acusações apresentadas pela polícia”, disse também, sem detalhar as circunstâncias da detenção.

A polícia continua à procura de duas outras pessoas que estavam no carro em que fugiram os assassinos de Gilles Cistac. “Estes são apenas os executantes, falta igualmente determinar a identidade dos mandantes”, disse também o porta-voz.

Chegado a Moçambique em 1993, para trabalhar como técnico na embaixada de francesa, Cistac naturalizou-se mais tarde moçambicano. Constitucionalista, professor da Universidade Eduardo Mondlane, foi assassinado a 3 de Março, em pleno centro da capital moçambicana. Tinha 53 anos.

Apesar de repetidas manifestações de disponibilidade da França para cooperar no plano judicial, as autoridades moçambicanas não fizeram qualquer pedido formal de ajuda. Pelo menos até à passada quinta-feira, quando essa informação foi dada pela embaixada francesa em Maputo.

Gilles Cistac distinguiu-se, no período anterior ao seu assassínio, no debate em curso no país sobre a criação de regiões ou províncias autónomas. Entendia que há cobertura constitucional para a gestão autónoma de províncias. Tinha, segundo a imprensa moçambicana, recebido ameaças devido às suas posições públicas.  

A criação de “regiões autónomas”, ou “províncias autónomas” no centro e Norte, é reclamada pela Renamo (Resistência Nacional Moçambicana, principal força da oposição). Uma proposta nesse sentido será apreciada proximamente pelo Parlamento moçambicano.

Moçambique viveu uma sangrenta guerra civil entre 1976 e 1992. Os confrontos voltaram em 2013 e só foram suspensos após um acordo entre os dois principais partidos, antes das eleições de Outubro de 2014.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários