Pentágono espera reunião entre EUA e Rússia sobre guerra na Síria

Conversações serão “provavelmente” realizadas neste fim-de-semana. Objectivo é definir procedimentos de segurança entre os dois países para evitar colisões aéreas no espaço sírio.

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Bombardeiros russos numa base aérea na Síria Komsomolskaya Pravda/AFP

O Pentágono espera ter uma reunião com as autoridades militares russas acerca da criação de procedimentos de segurança aérea entre as duas forças, no contexto da guerra na Síria. O objectivo da reunião é evitar uma colisão acidental durante as campanhas de bombardeamento que os dois países estão a levar a cabo na Síria, mas que estão a ser feitas de uma forma independente.

A entrada da Rússia na guerra civil da Síria, na última semana, complicou a campanha norte-americana de ataques aéreos contra o autoproclamado Estado Islâmico. Os Estados Unidos já disseram que um caça teve de se desviar do seu percurso por uma vez para evitar um incidente.

Os Estados Unidos, que se opõem ao apoio que Moscovo está a dar ao Presidente sírio, Bashar al-Assad, rejeitaram cooperar com a Rússia mas concordaram em definir procedimentos de segurança aéreos. As propostas dos norte-americanos, que foram explicadas durante uma videoconferência de segurança entre a Rússia e os Estados Unidos na semana passada, incluem a manutenção de uma distância de segurança entre os aviões militares da Moscovo e de Washington e o uso de frequências de rádio para pedidos de socorro.

Os militares norte-americanos avisaram que não aceitariam novos pedidos de conversação vindos da Rússia enquanto não recebessem uma resposta formal a estas propostas, algo que o Pentágono disse que chegou agora. “O Departamento de Defesa recebeu uma resposta formal do Ministério da Defesa russo em relação às propostas do departamento para assegurar operações aéreas seguras na Síria”, disse Peter Cook, o porta-voz do Pentágono, aos jornalistas. “Os líderes do departamento estão a rever as respostas da Rússia e as conversações irão provavelmente ter lugar já este fim-de-semana.”  

O ministro-adjunto da Defesa russo, Anatoli Antonov, adiantou, por sua vez, que os responsáveis militares russos concordavam, à partida, com as propostas feitas pelos Estados Unidos, segundo declarações repetidas pela agência de notícias russa Tass. A Rússia descreveu todos os seus alvos na Síria como pertencendo ao grupo do Estado Islâmico, apesar da maioria dos seus ataques ter sido nas áreas controladas por outras forças rebeldes onde o Estado Islâmico tem pouca ou nenhuma presença.

Os esforços para assegurar a segurança dos pilotos ganharam uma nova urgência depois dos Estados Unidos e da NATO terem denunciado que a Rússia violou o espaço aéreo da Turquia. Por outro lado, o secretário da Defesa norte-americano Ash Carter disse que uma aeronave russa passou a poucos quilómetros de distância de um drone dos Estados Unidos e criticou a Rússia por lançar um ataque de mísseis de cruzeiros, a partir do mar Cáspio, sem avisar previamente.

O responsável confirmou que os Estados Unidos “tinham algumas indicações” que alguns daqueles mísseis caíram no Irão antes de atingirem os alvos na Síria. Alguns oficiais norte-americanos, que falaram sob anonimato, indicaram na quinta-feira que quatro mísseis caíram no Irão. “Se isso aconteceu, isso indica uma avaria naqueles mísseis”, disse Ash Carter. É a primeira vez que estes mísseis estão a ser usados numa situação de guerra. O Ministério da Defesa russo insistiu, por seu lado, que os mísseis atingiram os seus alvos na Síria.

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