Paulo Portas: Portugal "não reconhece" as actuais autoridades da Guiné-Bissau

Foto
Governantes depostos foram ontem recebidos por Cavaco Silva Enric Vives-Rubio

“Portugal reafirma, e o tempo dar-nos-á certamente razão, que a permeabilidade a golpes de Estado e a transigência com golpistas não acaba bem", disse Paulo Portas no final de um encontro, nesta quinta-feira de manhã, com o primeiro-ministro deposto no golpe militar de 12 de Abril, Carlos Gomes Júnior, frisando que "Portugal não reconhece autoridades nascidas do golpe de Estado".

“A própria CEDEAO tem nos seus princípios fundadores a tolerância zero com o golpe de Estado”, prosseguiu. Disse ainda que não vê “uma solução estável para a Guiné-Bissau” sem que as Nações Unidas, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a União Africana e a CDAO actuem de forma concertada, adiantando que o ministério está a fazer contactos em Nova Iorque para garantir essa coordenação.

Narcotráfico também motivou golpe

Paulo Portas disse não ter dúvidas de que uma das explicação para o golpe de Estado do mês passado está no narcotráfico: “Todas as informações de que Portugal dispõe apontam claramente para que na origem deste golpe de Estado também está o narcotráfico”.

O primeiro-ministro deposto pelos militares, Carlos Gomes Júnior, reconheceu que o problema do narcotráfico é uma realidade que não pode ser escamoteada e frisou que têm sido feitos esforços para o combater, com apoio das Nações Unidas e da Interpol, já que, admitiu, a Guiné-Bissau “não tem condições" para combater o tráfico de droga.

Carlos Gomes Júnior, que tem vindo a repetir que tenciona regressar ao país logo que possível, disse que continua a fazer parte da solução para a Guiné-Bissau: “Sou o presidente do maior partido da Guiné-Bissau [PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde], sou o primeiro-ministro eleito”, lembrou.

O primeiro-ministro e o Presidente da República interino, Raimundo Pereira, chegaram esta quarta-feira a Lisboa, vindos da capital da Costa do Marfim, Abidjan, para onde tinham sido levados depois dos 15 dias de detenção que se seguiram ao golpe de Estado.

Sugerir correcção
Comentar