Para onde vão os 85 mil milhões do empréstimo à Grécia?

Primerias duas tranches num total de 25 mil milhões servirão para recapitalizar bancos e pagar dívida.

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Os bancos gregos ainda mantém algumas medidas de controlo de capitais Alkis Konstantinidis/Reuters

Os cerca de 85 mil milhões de euros de empréstimo acordado entre a Grécia e os credores vão servir para pagar dívida e juros. Serão entregues em tranches para que os credores se assegurem do cumprimento das medidas acordadas.

As primeiras duas tranches, a receber imediatamente, serão de 10 mil milhões que irão directamente para a recapitalização dos bancos, que ainda têm em vigor medidas de controlo de capitais, e de 13 mil milhões que servirão para pagar dívida existente, incluindo uma linha de obrigações do Tesouro que está nas mãos do Banco Central Europeu de 3200 milhões de euros e que o país tem de pagar até esta quinta-feira. Há ainda uma pequena parte de 500 milhões destinada a pagamentos em atraso do Estado, por exemplo a fornecedores.

A quantia final do empréstimo não está, no entanto, totalmente definida, admitiu no debate no Parlamento holandês o ministro das Finanças Joeren Dijsselbloem, que é também líder do Eurogrupo (no qual têm assento os ministros das Finanças da zona euro).

O montante total do empréstimo vai depender da necessidade de recapitalização dos bancos.

Os bancos gregos fecharam na semana do anúncio do referendo de 5 de Julho e continuam a ter em vigor medidas de controlo de capitais para manter a liquidez, apoiados pela ELA, o fundo de emergência do Banco Central Europeu. Ainda vão ser levados a cabo testes de stress para avaliar a segurança financeira dos bancos antes de estes receberem os 25 mil milhões previstos para a sua recapitalização no terceiro empréstimo – a primeira tranche é imediata, e a segunda, de 15 mil milhões, tem entrega prevista para Novembro, após os testes.

As novas previsões do estado da economia grega incluem um pequeno défice primário este ano, mas a partir do próximo ano já se esperam pequenos excedentes primários, pelo que o empréstimo servirá para reforçar o capital dos bancos e suportar os encargos da dívida pública.

Entre as dívidas está ainda o recentemente contraído empréstimo de transição de Julho, de perto de 7000 milhões de euros, usados para pagar ao BCE e ainda a anterior dívida de Junho ao FMI. Tinha sido o ultrapassar dos prazos de pagamento de Junho ao Fundo Monetário Internacional que levou a Grécia a entrar em incumprimento no final do mês e a tornar-se o primeiro país desenvolvido a não pagar uma dívida ao FMI. 

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