Papa pede união no combate à "praga do terrorismo"

“Este ano será bom na medida em que cada um de nós, com a ajuda de Deus, procure fazer o bem dia após dia”, afirmou Francisco no dia em que a Igreja Católia celebra a Jornada Mundial da Paz.

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O Papa enviou as suas condolências ao povo turco pelo ataque de Istambul Reuters/REMO CASILLI

O Papa Francisco pediu aos líderes políticos que se unam para combater a “praga do terrorismo”, condenando o ataque numa discoteca em Istambul que provocou 39 mortos e manchou as celebrações da passagem de Ano.

Depois de na homilia da primeira eucaristia de 2017 ter criticado a “orfandade espiritual” entranhada na sociedade – “um cancro que silenciosamente corrói e degrada a alma” e que surge quando não existe “o sentido de pertença a uma família, a um povo, a uma terra, a Deus” – Francisco dirigiu-se às mais de 50 mil pessoas que enchiam a Praça de São Pedro para a tradicional oração do Angelus, mas acabou por desviar-se do texto preparado para se referir aos acontecimentos na Turquia.

“Infelizmente, a violência atacou mesmo nesta noite de votos e de esperança”, lamentou o líder da Igreja Católica, enviando as suas condolências ao povo turco – “rezo pelas muitas vítimas, pelos feridos e por uma nação inteira em luto”.

Depois de um ano marcado por vários atentados terroristas, grande parte deles reivindicados pelo Daesh, grupo extremista islâmico instalado entre a Síria e o Iraque, Francisco pediu a Deus “que apoie todos os homens de boa vontade para arregaçarem corajosamente as mangas para confrontar a praga do terrorismo, esta mancha de sangue que cobre o mundo com o seu manto de medo e um sentimento de perda.

No dia em que a Igreja Católica celebra a Jornada Mundial pela Paz, Francisco quis, ainda assim, desejar um bom ano a todos, lembrando a responsabilidade de cada um na felicidade conjunta. “Este ano será bom na medida em que cada um de nós, com a ajuda de Deus, procure fazer o bem dia após dia”.  

Luta contra o desemprego jovem

Na última cerimónia de 2016, sábado à noite na Basílica de São Pedro, o Papa tinha lançado um outro desafio aos líderes políticos, pedindo-lhes que redobrem esforços no combate ao desemprego jovem, lamentando que uma geração inteira esteja a ser privada de trabalho e esperança.   

“Estamos a condenar os jovens a não terem um lugar na sociedade, porque os empurramos para as margens da vida pública, os forçamos a emigrar ou a mendigar por trabalhos que já não existem, não somos capazes de lhes prometer um futuro”, alertou o líder da Igreja Católica, sublinhando o paradoxo de uma “cultura que idolatra a juventude” ao mesmo tempo que lhe nega as condições que estavam ao alcance das gerações anteriores.

A sociedade actual, acrescentou, “está em dívida” com os mais jovens ao privá-los de “um trabalho digno e genuíno”, condenando-os a baterem a “portas que na maioria dos casos continuam fechadas”.

O desemprego dos trabalhadores mais novos é um dos grandes problemas da Europa – sobretudo dos países do Sul, como Itália, onde 36% dos jovens estão sem trabalho – e também de África, o continente com a população mais jovem em todo o mundo e onde o crescimento da economia continua a ser insuficiente para gerar oportunidades de trabalho, levando centenas de milhares a emigrarem, arriscando muitas vezes a própria vida. Em 2016 cinco mil pessoas morreram na travessia do Mediterrâneo e das 181 mil pessoas que chegaram à Europa, na grande maioria africanos, 25 mil eram menores não acompanhados. 

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