Pais de criança com tumor cerebral libertados em Madrid

Ashya poderá vir a receber um tratamento com protões na República Checa, depois de regressar ao Reino Unido.

Foto
Os King receiam que os tratamentos que o filho recebeu ou venha a receber em Inglaterra piorem o seu estado de saúde Marcelo del Pozo/Reuters

Foram libertados os pais da criança britânica de cinco anos que tem um tumor cerebral e que tinham sido detidos esta semana em Espanha após terem retirado, sem autorização médica, o filho de um hospital em Inglaterra. A libertação ocorreu depois de as autoridades britânicas terem anunciado que o pedido da extradição do casal para o Reino Unido foi retirado.

Na última quinta-feira, Brett e Naghemeh King retiraram o filho Ashya do hospital de Southampton, onde a criança se encontrava internada, sem que tivessem permissão clínica para o fazer. Inicialmente a família tinha pensado seguir para França, mas acabou por se dirigir para Espanha. No Reino Unido era lançada uma campanha pela polícia para encontrar os King devido à preocupação com o estado de saúde de Ashya.

O casal, que se encontrava alojado num hotel em Benajarafe, Málaga, com os seus seis filhos, acabou por ser detido no domingo. Ashya foi hospitalizado em Málaga, onde permanece até hoje.

Um dia depois um juiz da Audiência Nacional espanhola decidiu que os King deveriam permanecer em detenção judicial por período máximo de 72 horas. Na noite desta terça-feira, o casal foi libertado, depois de a justiça britânica ter retirado as acusações contra os King de suspeita de maus-tratos a um menor de 16 anos e um pedido de extradição.

A intervenção do primeiro-ministro britânico, David Cameron, que desde início manifestou apoio aos pais, terá exercido a pressão necessária para este desfecho. Cameron defendeu que o casal deveria reunir-se com o filho o mais rapidamente possível e que a criança receba o melhor tratamento, “seja no Reino Unido ou noutro lugar”.

A retirada do hospital de Ashya na semana passada tinha como objectivo levar a criança até Praga, na República Checa, para ser submetida a um tratamento com raios de protões. À saída do estabelecimento prisional de Soto del Real, em Madrid, os King explicaram que o tratamento previsto para Ashya no Reino Unido irá levar o filho a um “estado vegetativo”.

“Os médicos sabiam que queríamos sair [do hospital] mas não quiseram ajudar-nos”, disse Brett King aos jornalistas. Danny King, um dos seis filhos do casal, indicou à Rádio BBC que, neste momento, “todas as opções estão em aberto”. “Penso que os meus pais vão continuar a querer ir para Praga”, acrescentou.

Na unidade de tratamento checa, o médico Jiri Kubes, citado pela imprensa britânica, adiantou que a pode ser criado um tratamento adaptado a Ashya, mas que antes da criança poder vir a ser submetida a qualquer terapia esta deverá voltar a ser internada num hospital em Inglaterra, onde é esperado que seja submetida a um tratamento de quimioterapia durante algumas semanas.

Naghemeh King disse emocionada após a sua libertação que apenas quer voltar a tratar do filho, como fazia em Southampton. “Apenas quero humedecer-lhe a boca porque ele não consegue beber, quero lavar-lhe os dentes, quero virá-lo a cada 15 minutos porque não se pode mexer”. Esta tarde, os King estiveram com o filho no hospital espanhol.

A guarda de Shya foi retirada aos seus pais depois de estes terem sido detidos. Nenhuma decisão relativa à criança pode ser tomada sem a ordem das autoridades judiciais de Portsmouth. Na próxima segunda-feira haverá lugar a uma audiência em que os King poderão expor os seus argumentos para que o filho possa receber tratamento em Praga.

Notícia actualizada às 16h59: Acrescenta que King foram autorizados a visitar o filho no hospital de Málaga.

Sugerir correcção
Comentar