Pais de criança britânica retirada de hospital detidos em Espanha

Na saga de Ashya King, de cinco anos, os pais queixam-se de ter sido tratados como raptores e a polícia alega que a criança corria risco de vida.

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Hospital de Málaga, onde está agora internado Ashya King MARCOS MORENO/AFP

Os pais de uma criança britânica que sofre de um tumor cerebral foram detidos este fim-de-semana em Espanha depois de a terem retirado de um hospital em Southampton sem autorização médica e a levado para Espanha.

Ashya estava a ser acompanhado no hospital britânico, mas os pais queriam tentar um tratamento diferente, que não era comparticipado pelo serviço de saúde do Reino Unido. Num vídeo publicado na Internet, o pai, Brett King, 51 anos, alega que Ashya estava a ser sujeito a um tratamento de “tentativa e erro”. King diz ainda que, caso questionasse o tratamento, os médicos solicitariam uma ordem judicial de protecção da criança.

Na quinta-feira, Brett King e a mulher retiraram a criança do hospital, contra a vontade dos médicos, e deixaram a Inglaterra inicialmente rumo a França. Temendo pela saúde de Ashya, a polícia britânica lançou uma grande campanha, divulgando fotos da criança e dos pais.

Foram os funcionários de um hotel em Vélez-Málaga, Espanha, que acabaram por os identificar e chamar a polícia. Na noite de sábado, os pais foram detidos e Ashya foi encaminhado para um hospital, onde se encontra estabilizado, sem risco de vida.

Os pais de Ashya queixam-se da campanha da polícia para encontrar a criança, que os tratou publicamente como raptores, lançando uma “busca ridícula ”, segundo disse Brett King, no vídeo que divulgou antes de ser detido. “Como podem ver, não há nada de errado com ele. Ele está muito feliz desde que o tirámos do hospital. Está a sorrir muito mais, está a interagir muito connosco”, afirmou, com o filho ao colo, com um tubo no nariz a ligar-lhe a uma máquina.

A polícia nega ter agido mal. O comandante da polícia de Hampshire, Chris Shead, disse ter sido informado pelos médicos de que a criança corria risco de vida e poderia morrer assim que terminasse a bateria da máquina a que estava ligada. “Não vou pedir desculpas pelo facto da polícia ter sido o mais proactiva possível para encontrar Ashya e garantir que ele tem a ajuda de que precisa”, afirmou. “Prefiro muito mais estar aqui a ser criticado de ter sido proactivo, do que estar aqui a ser criticado por não fazer nada e eventualmente ter de explicar por que uma criança perdeu a vida”, completou.

Os pais de Ashya foram detidos sob acusação de maus-tratos a criança e possivelmente enfrentarão um processo de extradição para o Reino Unido.

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