ONU diz que a Grécia precisa de ajuda para lidar com fluxo de 600 migrantes por dia

Número de refugiados a chegar por mar às ilhas gregas aumentou seis vezes em relação a 2014

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Muitas das 15 ilhas gregas a que os migrantes estão a aportar não estão preparadas para os receber Angelos Tzortzinis/AFP

Desde o início do ano, mais de 42 mil refugiados chegaram à Grécia por mar – seis vezes mais do que no mesmo período no ano passado e quase tantos como em todo o ano de 2014. “A União Europeia tem de ajudar a Grécia, porque este país não tem os recursos necessários para lidar com mais uma crise humanitária, quando muitos dos seus próprios cidadãos já estão a sofrer”, afirmou a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Melissa Fleming.

Em média, estão a chegar 600 migrantes por dia por mar à Grécia, a maior parte deles em fuga da guerra na Síria, no Iraque e na Líbia. Segundo a Frontex, a agência europeia que gere as fronteiras exteriores ao espaço Schengen, a rota do Mediterrâneo Oriental – que vai da Turquia para a Grécia, passando pelo mar Egeu – “tornou-se hoje uma via de pedido de asilo”, afirmou Fabrice Leggeri, director da agência, citado pela AFP.

Pelo menos 60% dos que procuram a rota do Mediterrâneo Oriental são sírios, disse Flemming, enquanto Leggeri apresentou números semelhantes aos das Nações Unidas: desde o início do ano, a procura desta rota migratória aumentou 550%.

Em compensação, os sírios “quase desapareceram” dos barcos que diariamente procuram as costas do Sul de Itália, disse o patrão da Frontex. A grande maioria das pessoas que se acumulam nestas embarcações precárias, normalmente provenientes da Líbia, “tem um perfil de migrantes económicos em situação irregular”, afirmou Leggeri.

Se Itália não consegue lidar sozinha com o enorme afluxo de imigrantes que está a registar-se este ano – cerca de 100 mil desde 1 de Janeiro, segundo Leggeri, quando em 2014, em igual período, foram 40 mil –, a Grécia muito menos. E não é nada provável que diminua a procura da Grécia como porta de entrada da União Europeia para pedir asilo: “Esperamos que este movimento continue ao mesmo ritmo, ou que aumente”, afirmou a porta-voz do Alto Comissariado para os Refugiados.

Mas quando chegam a terra, depois de cruzarem o mar Egeu entre a Turquia e a Grécia em embarcações frágeis, por vezes apenas botes pneumáticos, muitas das 15 ilhas gregas a que os migrantes estão a aportar não estão preparadas para os receber, afirmou Melissa Fleming.

Lesvos, Chios, Samos, Kos e Leros são as ilhas a que os migrantes estão a chegar com mais frequência. Como não há estruturas preparadas para receber um grande número de pessoas nestas ilhas, às vezes ficam durante dias a dormir ao relento, à espera de serem registados e identificados, sem que ninguém cuide de lhes dar comida ou água, dizem as Nações Unidas. O problema é especialmente grave na ilha de Kos.

A maior parte dos 42 mil refugiados que chegaram já à Grécia este ano não ficou no país – continuou a andar, através da Macedónia e da Albânia, com o objectivo de alcançar os países do Norte da Europa, onde tem esperança de obter asilo.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados reforçou a sua presença nas ilhas às quais estão a chegar estes refugiados, mas apela “às instituições e agências da UE para que aumentem a ajuda à Grécia e às organizações não governamentais para apoiar as comunidades das ilhas gregas que estão a lidar com os desafios do afluxo de refugiados e migrantes que chegam regularmente por via marítima.”

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