Obama tem "um profundo respeito" pela caça e pede mais compreensão pelos defensores das armas

O Presidente dos EUA considera que a discussão sobre o controlo de armas deve separar as áreas urbanas das áreas rurais e diz que pratica tiro aos pratos na casa de férias.

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Obama quer seperar o que é a tradição da caça do que é crime OLIVIER MORIN/AFP

O Presidente dos EUA, Barack Obama, considera que os defensores do controlo de armas devem "ouvir um pouco mais" os norte-americanos que usam as suas espingardas para a caça, uma "tradição familiar" pela qual tem "um profundo respeito".

Numa entrevista à renovada revista The New Republic – fundada em 1914 e adquirida em 2012 pelo co-fundador do Facebook Chris Hughes –, as respostas de Obama às questões sobre o controlo de armas reflectem a estratégia da Casa Branca para reunir mais apoios com vista à difícil tarefa de fazer aprovar as suas propostas legislativas no Congresso.

Com expressões como "diminuir as diferenças" entre defensores e opositores do controlo de armas e com referências a Abraham Lincoln – "Com o apoio da opinião pública não há nada que não possa ser feito; sem esse apoio não é possível ir muito longe" –, o Presidente dos EUA diz que é preciso perceber que "a realidade das armas nas áreas urbanas é muito diferente da realidade das armas nas áreas rurais".

E dá um exemplo: "Se o nosso pai nos dá uma arma de caça aos dez anos de idade, se começamos a passar os dias com ele e com os nossos tios e se isso passa a fazer parte das tradições da nossa família, conseguimos perceber por que é que queremos tanto proteger [o direito à posse de arma]."

"Uma parte da maior tarefa dos próximos meses é tentar diminuir essas diferenças. E isso significa que os defensores do controlo de armas têm de ouvir um pouco mais do que é habitual", salienta o Presidente dos EUA.

Na tentativa de chegar ao coração dos "proprietários de armas responsáveis", Obama revela que ele próprio costuma dar uns tiros – aliás, o tiro aos pratos é mesmo uma das modalidades mais praticadas em Camp David, a casa de férias do Presidente. "As minhas filhas não, mas muitas vezes tenho lá convidados que dão uns tiros", ressalva Barack Obama.

Apesar do apelo a uma maior compreensão pelo apego às armas nos EUA – através da distinção entre o que é tradição e o que é crime –, a Administração Obama já sabe que não conseguirá nunca o apoio da poderosa National Rifle Association. Em meados deste mês, o director executivo da associação que promove o direito ao porte de armas declarou que irá travar "a luta do século" com a Casa Branca, chamando a Barack Obama "um elitista hipócrita".
 
 
 

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