Museus judaicos encerrados na Noruega após alerta terrorista

Autoridades dizem que há uma "ameaça credível" de um atentado por extremistas que combateram na Síria.

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As forças de segurança do país estão em estado de alerta Heiko Junge/Reuters

Alguns museus judaicos na Noruega vão estar encerrados nos próximos dias devido ao alerta de ataque terrorista que está em vigor no país. As autoridades locais dizem que há uma "ameaça credível" de que extremistas que combateram na Síria estão a planear um atentado em solo norueguês.

O museu judaico da capital, Oslo, só deverá reabrir na terça-feira, disse à agência AFP um dos responsáveis, Vidar Paulsen. "É uma medida preventiva da nossa parte, na sequência do tiroteio em Bruxelas", acrescentou. Na última semana de Maio, um homem armado matou quatro pessoas num ataque contra o museu judaico da capital belga.

O museu da cidade de Trondheim, na região Oeste da Noruega, também está encerrado, e os seus responsáveis não avançaram uma data para a reabertura.

As autoridades do país lançaram um alerta na quinta-feira, indicando a possibilidade de um ataque terrorista, embora sem avançarem uma data específica ou um local em particular. Segundo os media locais, o estado de alerta poderá permanecer em vigor durante semanas ou meses.

Um dos responsáveis máximos dos serviços de informação noruegueses (PST), Jon Fitje Hoffmann, disse nesta sexta-feira que um grupo de indivíduos que estavam na Síria já estão a caminho da Europa para "cometerem um ataque terrorista", sendo que a Noruega foi "especificamente mencionada".

Apesar do alerta em vigor em todo o país, o responsável pela polícia norueguesa, Odd Reidar Humlegaard, disse que "é mais provável que não acontece nada", mas sublinhou que as forças de segurança estão "mais preparadas do que nunca para lidar com a situação, se ela ocorrer", numa referência ao massacre de 77 pessoas às mãos do extremista norueguês Anders Breivik, em Julho de 2011.

O PST anunciou na quinta-feira que recebeu recentemente "informação segundo a qual um grupo com ligações a extremistas islamistas na Síria poderá ter a intenção de cometer um acto terrorista na Noruega". "Temos informações que indicam que um eventual ataque terrorista contra a Noruega está planeado para acontecer nos próximos dias", declarou a chefe da secreta norueguesa, Benedicte Bjoernland.

A ameaça é "não específica", mas é considerada "credível": nem o alvo eventual, nem a presumível identidade dos autores, nem a sua localização actual são conhecidos, explicou aquela responsável.

As autoridades anunciaram um reforço das medidas de segurança com uma presença de um maior número de polícias armados nas estações de comboio e nos aeroportos, com a chamada de funcionários que estavam de férias e com a colocação em estado de alerta dos seus meios aéreos. 

“Há uma ameaça concreta contra a Noruega e foram tomadas medidas para fazer face a essa ameaça”, declarou o ministro da Justiça, Anders Anundsen, apelando à população para estar vigilante sem cair na estigmatização. No seu relatório de avaliação anual, o PST considerou que o nível de ameaças contra a Noruega aumentou devido ao conflito na Síria.

Segundo a secreta norueguesa, entre 40 a 50 indivíduos com ligações à Noruega combateram ou combatem na Síria. A realidade deste tipo de ameaça concretizou-se em Maio com o ataque ao museu judaico de Bruxelas, que fez quatro mortos. O seu autor presumido, que se encontra detido, é o franco-argelino Mehdi Nemmouche, que passou mais de um ano na Síria, onde terá combatido nas fileiras de grupos jihadistas radicais.

Em Maio, o PST deteve três candidatos à jihad, suspeitos de quererem juntar-se aos combatentes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, o grupo ultra-radical que está a conquistar terreno na Síria e no Iraque, onde já proclamou um califado.

Cerca de 11 mil combatentes estrangeiros originários de 74 países combateram na Síria, segundo dados de Dezembro de um relatório do Centro Internacional para os Estudos da Radicalização e da Violência Política, que tem sede em Londres.

Cato Hemmingby, investigador da escola norueguesa de polícia, considera que a iniciativa raríssima das autoridades de tornar a ameaça pública visa dissuadir os autores do eventual ataque, mostrando-lhes que a execução do seu plano será mais difícil com o reforço da segurança e a vigilância da população.

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