Manifestantes anti-China incendeiam fábricas no Sul do Vietname

Os países da ASEAN recusaram criar uma frente comum contra as reivindicações de Pequim no Mar do Sul da China.

QUinze fábricas ficaram destruídas e outras danificadas
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Quinze fábricas ficaram destruídas e outras danificadas AFP
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"Partido Comunista Chinês fora do mar do Sul da China", diz o cartaz Reuters
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Os manifestantes levaram bandeiras vietnamitas e gritaram frases nacionalistas AFP
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Os alvos foram as fábricas chinesas, mas outras foram destruídas AFP
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Um barco d aguarda costeira chinesa aborda um da guarda costeira vietnamita nas águas disputadas Reuters

Os sentimentos anti-China sobem de tom no Vietname, onde na terça-feira milhares de manifestantes incendiaram 15 fábricas, muitas delas de donos chineses. Os protestos começaram na semana passada contra a construção de uma plataforma chinesa para procurar petróleo em águas disputadas no Mar do Sul da China.

Também nas Filipinas se realizam manifestações contra a China, que reclama uma parte das ilhas Spratly, e o Governo de Manila acusou Pequim de estar a preparar, na zona, uma construção, possivelmente de uma pista de aviação militar offshore, violando o pacto regional de não-agressão. Manila divulgou imagens aéreas que mostram os chineses a concentrar material no que parece ser uma plataforma numa área das ilhas Spratly. 

O aumento da tensão na região foi o tema central da cimeira da Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN), que terminou na Birmânia, onde os líderes se comprometeram em não tomar decisões que possam criar hostilidade e onde foi rejeitada a proposta das Filipinas e do Vietname de criação de uma frente regional contra as aspirações territoriais da China.

A China tem vindo a reivindicar — de forma cada vez mais efectiva — um território no mar do Sul da China que abrange zonas que outros países consideram suas ou que estão, há anos, em disputa. O conflito latente atinge o Japão, a Malásia, as Filipinas, o Vietname, o Brunei e Taiwan. Algumas áreas são disputadas por vários países: por exemplo, as ilhas Paracel são reivindicadas por Vietname, China e Taiwan. Desde o final da década de 1970 que há estudos que apontam para a existência de consideráveis reservas de petróleo e de gás natural na zona. 

A construção da plataforma perfuradora nas águas disputadas levou, na semana passada, a uma subida de tom no conflito entre Hanói e Pequim. As agências noticiosas deram conta de vários choques entre embarcações chinesas e vietnamitas e a BBC relata que houve tiros de advertência (sem munições) e que há muitos navios na área, sobretudo da guarda costeira dos dois países. 

Em declarações aos jornalistas, o chefe da polícia de Thaun An, na província de Ninh Duong, no Sul do Vietname, disse que na segunda-feira um grupo de cerca de 19 mil homens se juntou e, na terça-feira, ateou fogo a fábricas do Parque Industrial Vietnamita de Singapura. Ali, a maior parte das fábricas é de proprietários estrangeiros e os alvos foram as unidades de chineses. Outras fontes disseram que os manifestantes tinham bandeiras vietnamitas e gritaram frases de teor nacionalista, ficando no final 15 fábricas destruídas e outras danificadas.

O Governo de Hanói condenou o ataque. Em Pequim, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou que tinha sido feito um protesto formal a Hanói e classificou as atitudes vietnamitas de “provocadoras”.

Na reunião da ASEAN, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, disse que as disputas de soberania da China no Sudeste Asiático não representavam um problema e que Pequim está disponível para continuar a trabalhar para a aplicação da declaração de conduta na região.

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