Maduro promete "mão dura" para quem matou ex-miss Venezuela e o marido

Mónica Spear Mootz, de 29 anos, e o marido, de 39, seguiam no carro quando foram mortos a tiro por um grupo de assaltantes. O país vive uma “epidemia de violência”

Mónica Spear Mootz quando foi coroada miss em 2004
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Mónica Spear Mootz quando foi coroada miss em 2004 ANDREW ALVAREZ/AFP
Mónica Spear Mootz numa visita à Tailândia em 2005
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Mónica Spear Mootz numa visita à Tailândia em 2005 SAEED KHAN/AFP

A morte de Mónica Spear, uma popular actriz e ex-Miss Venezuela em 2004, que foi abatida a tiro durante um assalto nocturno numa estrada do centro do país, provocou o choque e a consternação próprios de um acontecimento brutal, singular e inexplicável.

A morte de Mónica Spear, uma popular actriz e ex-Miss Venezuela em 2004, que foi abatida a tiro durante um assalto nocturno numa estrada do centro do país, provocou o choque e a consternação próprios de um acontecimento brutal, singular e inexplicável.

No entanto incidentes como aquele que vitimou Spear e o marido, o empresário britânico Henry Thomas Berry, tornaram-se comuns naquele país, onde se vive uma “epidemia de violência”, com um índice de homicídios de 45 por cada 100 mil habitantes, o terceiro registo mais grave da América Latina, atrás das Honduras e El Salvador.

O Presidente Nicolás Maduro prometeu “mão dura” contra os autores do crime. “Não vai haver tolerância com os que pretendem manter este tipo de acções”, garantiu. O director do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminais da Venezuela, José Gregorio Sierralta, comunicou ao país a detenção de cinco suspeitos pela polícia do estado de Carabobo, poucas horas após os factos.

Mónica Spear, de 29 anos, transformou a fama alcançada com o concurso de beleza numa bem-sucedida carreira como actriz de telenovelas produzidas pela cadeia Telemundo nos Estados Unidos, onde residia – encontrava-se de férias na Venezuela onde passou o Natal com a família. Na noite de segunda-feira viajava com o marido e a filha de cinco anos em direcção à capital Caracas, quando o carro terá tido uma avaria: segundo a reconstituição feita pelas autoridades, foi chamado um reboque.

Durante a operação de assistência rodoviária, foram abordados por um grupo de indivíduos armados com a intenção de os assaltar. O condutor do reboque e um assistente fugiram e a actriz e família refugiaram-se dentro do automóvel, para onde os assaltantes dispararam várias vezes. Mónica Spear foi atingida com um tiro na cabeça, e o marido por três balas, informou Sierralta. A menina de cinco anos sofreu ferimentos numa perna mas não corre perigo de vida.

Como notava a imprensa venezuelana e internacional, esse é um incidente frequente nas estradas do país. Várias quadrilhas de assaltantes colocam obstáculos nas estradas para provocar danos nos automóveis e forçá-los a parar na berma, onde marginais estão à espera, na maior parte das vezes com armas. No entanto, outros métodos violentos, desde esticões até aos chamados “sequestros express” (ou raptos-relâmpago) tornaram-se quase banalidades do quotidiano.

Homicídios dispararam

Apesar dos esforços do Governo de Caracas, que só durante as presidências de Hugo Chávez lançou mais de 20 programas de segurança, o número de homicídios na Venezuela mais do que duplicou na última década, de 11.342 mortes registadas em 2003 para 24.763 em 2013, segundo o Observatório Venezuelano para a Violência.

O recrudescimento do fenómeno da violência urbana era sentido pela população há muito tempo, mas nos mandatos de Chávez permaneceu afastado dos discursos oficiais. O Governo venezuelano deixou de publicar estatísticas oficiais referentes à criminalidade em 2005, mas no final de 2010 o ministério do Interior admitiu que a taxa de homicídios tinha atingido um máximo histórico de 48 mortos por 100 mil habitantes.

A insegurança foi um dos temas fortes da campanha eleitoral da oposição ao chavismo em 2013, e depois do anúncio da morte de Mónica Spear, o governador de Miranda e rival presidencial de Maduro, Henrique Capriles, apelou a um consenso nacional para uma nova política de segurança e manifestou-se pronto a colaborar com o Presidente. “Este é um problema que está acima das distinções e simpatias políticas”, referiu.

Ao contrário do seu mentor político, Nicolás Maduro declarou o combate à insegurança como uma prioridade, e em Maio passado lançou no terreno o “Plano Pátria Segura”, desenhado para responder ao aumento da criminalidade violenta nas maiores cidades do país, com a mobilização de pelo menos 4000 militares para acções de patrulha e policiamento. “O problema mais importante que a nossa sociedade tem para resolver é aquele que está vinculado à criminalidade, à violência. A chamada insegurança é o problema mais grave”, declarou Maduro, na cerimónia de apresentação do plano.

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