Líbano pede ajuda para enfrentar a violência que chega da Síria

“Toda a região está em risco” de ser arrastada pelo conflito, avisa o enviado da ONU na cimeira da Liga Árabe, pedindo esforços para uma solução política.

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O Hezbollah está há mais de um ano a combater ao lado de Assad Hosam Katan/Reuters

Ainda não ocupa o lugar da Síria, mas o líder da oposição no exílio foi convidado para a cimeira anual da Liga Árabe, a decorrer desde terça-feira no Kuwait. Ahmed Jarba pediu armas sofisticadas para os rebeldes que combatem as forças de Bashar al-Assad e criticou os países árabes por não terem chamado a oposição a ocupar a cadeira vazia desde que o regime de Damasco foi suspenso, em 2011.

“Manter vazio o lugar da Síria na Liga Árabe envia uma mensagem ao regime de Assad, encorajando-o a continuar a matar os sírios”, defendeu Jarba. Iraque e Argélia são os únicos países que se opõem frontalmente a que a Coligação Nacional das Forças da Oposição, de Jarba, passe a ocupar o lugar; o Líbano diz ter reservas.

Mais de três anos depois do início da revolução síria – e quando a violência e a guerra que se seguiram já fizeram mais de 140 mil mortos e obrigaram milhões a fugir das suas casas –, Jarba pediu uma vez mais a todos “que pressionem a comunidade internacional para que sejam fornecidas armas sofisticadas aos combatentes da oposição”.

Do lado de lá, o maior apoio a Jarba veio da Arábia Saudita: “Para sair do impasse na Síria é preciso favorecer uma mudança na relação de forças no terreno, fornecendo o apoio que a oposição merece, o representante legítimo do povo sírio”, disse o príncipe herdeiro, Salman ben Abdel Aziz.

O emissário internacional para a Síria repetiu por seu turno que uma solução militar não é possível, pelo que é preciso “travar o fluxo de armas em direcção a todas as partes”. Não é a posição pessoal de Lakhdar Brahimi, é a posição das Nações Unidas. “Toda a região está em risco de ser arrastada no conflito”, disse Brahimi, sublinhando que o Líbano enfrenta neste momento os maiores perigos.

A semana passada, os confrontos na Síria voltaram a passar a fronteira e a invadir o Líbano. A vitória do regime em Yabroud, cidade nas montanhas de Qalamoun, junto à fronteira que estava nas mãos da oposição desde 2011, levou centenas de rebeldes e de civis a fugir para aldeias e vilas do vale de Bekaa.

O apoio de combatentes do Hezbollah, a milícia xiita libanesa, foi fundamental nas operações para reconquistar Yabroud (como tem sido nos principais confrontos). Desde então já houve atentados em localidades xiitas na região de Bekaa e combates entre grupos pró e anti-Assad em Beirute e no Norte do Líbano, na cidade de Tripoli, onde 29 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas.

Na segunda-feira, na reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros que antecedeu a abertura da conferência de líderes Kuwait, o chefe da diplomacia libanês, Gebran Bassil, pediu aos Estados árabes que apoiassem o Exército libanês, afirmando que a guerra na Síria ameaça “despedaçar” o país.

“O desastre já aconteceu e o povo do Líbano está refém do terrorismo odioso e cego e só pode ser libertado pelo Exército libanês”, disse Bassil. O mesmo Exército que pode “impedir o terrorismo” de chegar aos outros países árabes”, defendeu. 

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