Frente Nacional sonha com terceiro deputado no Parlamento francês

Partido de Sarkozy vai anunciar quem apoia na segunda volta da eleições em Doubs e tudo indica que pode ser o candidato socialista

Sophie Montel, da Frente Nacional, comemora a vitória na primeira volta
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Sophie Montel, da Frente Nacional, comemora a vitória na primeira volta SEBASTIEN BOZON/AFP
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A passagem do socialista Frédéric Barbier à segunda volta surpreendeu SEBASTIEN BOZON/AFP

O presidente da UMP (direita), Nicolas Sarkozy, vai anunciar esta terça-feira a sua estratégia para a segunda volta das eleições parciais do círculo eleitoral de Doubs, depois da vitória da candidata da Frente Nacional, Sophie Montel. Mas poucos esperam que o partido de centro-direita apoie esta concorrente: desiludido com a prestação do seu próprio candidato, a escolha de Sarkozy será entre a abstenção ou o apelo a uma “frente republicana” para conter as aspirações políticas de Marine Le Pen.

“A situação é gravíssima, já temos Marine Le Pen à porta do poder”, desabafava um antigo ministro da UMP, citado pelo jornal Libération, à entrada da reunião da comissão política do partido, de onde poderia sair um apoio oficial à campanha do socialista Frédéric Barbier. Essa é a estratégia defendida, por exemplo, por Alain Juppé, que é o político mais popular do centro-direita. Mas conta com a oposição das facções mais próximas de Sarkozy.

A candidata da Frente Nacional é dada como a grande favorita na votação extraordinária para o cargo que o socialista Pierre Moscovici teve de abandonar quando foi nomeado comissário europeu por França. As eleições estão a suscitar enorme interesse, encaradas como um teste à popularidade do Governo socialista, algo recuperada após os atentados contra o jornal satírico Charlie Hebdo e o supermercado judaico em Paris, no início de Janeiro. “Lembrem-se do espírito de 11 Janeiro”, apelou a campanha socialista, recordando a grande manifestação em Paris após os atentados.

Mas além disso, o que está em causa é a maioria absoluta socialista no parlamento: com a saída de Moscovici e do deputado Jean-Pierre Maggi, que se juntou ao grupo do Partido Radical, no início do ano, o PS passou a ter apenas 288 deputados na Assembleia Nacional, quando a maioria absoluta se consegue com 289. É verdade que cada votação é um caso, e a contagem se faz com o número de deputados presentes, e nos últimos tempos há um grupo consistente de deputados socialistas rebeldes, que se recusam a aprovar algumas leis apresentadas pelo Governo. Mas há eleitos por outros partidos que simpatizam com as posições do Governo de Manuel Valls, e votam favoravelmente, pelo que a contagem de votos não é assim tão linear.

As eleições neste círculo eleitoral próximo da fronteira com a Suíça eram, no entanto, um teste difícil: em todas as eleições parciais ocorridas desde 2012, quando o actual Governo socialista foi eleito, os candidatos do PS perderam todas menos uma. E esta realizava-se numa zona de influência de uma fábrica Peugeot PSA, onde houve muito desemprego e há muito descontentamento – por isso era especialmente arriscada.

Doubs era campo mais fértil para a Frente Nacional, que bem gostaria de ter um terceiro deputado eleito para a Assembleia Nacional e, por isso, Marine Le Pen participou activamente na campanha. A FN acabou por ter 34% dos votos, quando o PS teve 30% e a UMP, o partido de centro direita tradicional agora de novo dirigido por Nicolas Sarkozy, teve 27%.

No entanto, era no candidato da UMP, Charles Demouge, que se apostava que passaria à segunda volta, pois havia outros candidatos de esquerda a disputar a primeira volta.  Mas a participação dos eleitores foi bastante baixa, de apenas 32%, frisou o Le Monde. Agora, tudo depende da distribuição dos apoios na segunda volta.

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