Cenários de horror no Sudão do Sul: "Há pessoas que estão simplesmente fora de controlo”

Exército prepara-se para recuperar Bor, cidade com petróleo agora tomada pelos rebeldes

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Grupos das tribos dinka (na foto) e da tribo nuer protagonizam o confronto no Sudão do Sul Goran Tomasevic/Reuters

A violência no Sudão do Sul continua a alastrar, com combates em seis dos dez estados. O Governo anunciou que está pronto para um contra-ataque para retomar a cidade de Bor, onde estão campos de petróleo do jovem país.

Trabalhadores humanitários descreviam cenas sangrentas em Bor. “Vi algumas das coisas mais horríveis que se pode imaginar”, disse Toby Lanzer, coordenador humanitário da ONU. “Pessoas que eram alinhadas e executadas sumariamente. Isto está a ser feito por pessoas que estão simplesmente fora de controlo”, disse Lanzer ao programa Newshour, da emissora britânica BBC. Um responsável do país citado sob anonimato pelo diário britânico The Guardian notava que havia cadáveres “espalhados por toda a cidade”.<_o3a_p>

A violência que começou na semana passada no Sudão do Sul deverá ter já deixado mais de mil mortos e dezenas de milhares de refugiados e deslocados (60 mil), a maioria deles (40 mil) em bases da ONU. Cerca de 15 mil estão no complexo da ONU em Bor.

“É muito comovente ver pessoas que pedem apenas: 'Podem manter-me vivo?'”, contou Lanzer, que esteve em Bor. “Estou muito preocupado que daqui a poucos dias não estejamos a falar de dezenas de milhares, mas sim centenas de milhares”, disse.

O Governo do Sudão do Sul estava à espera da saída dos americanos de Bor antes de lançar um ataque na cidade. Estes conseguiram sair, no sábado, embora com o helicóptero sob fogo. Mas havia ainda canadianos, britânicos e quenianos a tentar sair da cidade sem conseguir, segundo o diário britânico The Guardian.<_o3a_p>

O Sudão do Sul conseguiu a independência do Sudão com um referendo em 2011 após um acordo de paz em 2005 que acabou com uma longa e violenta guerra. Agora estes combates ameaçam não só a estabilidade do país, mas de toda a região. <_o3a_p>

Apesar de um início de vida calmo – ainda que com uma economia estagnada, não obstante os rendimentos do petróleo –, o Sudão do Sul arrisca-se agora a entrar numa guerra civil.<_o3a_p>

A raiz do conflito estará no afastamento, pelo Presidente, Salva Kiir, do seu vice-presidente (e rival), Riek Machar, em Julho. Kiir é dinka, a tribo maioritária, que domina Governo e Exército, e Machar é nuer, a que pertencem apenas 5% dos 10 milhões de sudaneses do Sul.<_o3a_p>

O Presidente acusou o seu antigo vice de tentar levar a cabo um golpe de Estado, o que este nega, dizendo, pelo seu lado, que o Presidente está a tentar fazer uma purga dos seus rivais.<_o3a_p>

Como começou exactamente a explosão de violência na semana passada é motivo de discussão: há quem culpe Machar, há quem fale num confronto entre membros da guarda presidencial de cada um dos lados, que depois se alastrou pelo país. <_o3a_p>

Segundo as Nações Unidas, há combates em seis dos dez estados do Sudão do Sul.
A ONU garante que continua em contacto com os actores-chave e a procurar uma saída diplomática para o conflito, garantiu o porta-voz no Sudão do Sul, Joseph Contreas.<_o3a_p>

O Presidente Kir disse ao Parlamento que estava disponível para conversações com Machar, desde que este não pusesse condições prévias. Machar tem dito que está disposto a participar, mas só após a libertação de aliados (foram recentemente detidos 11). <_o3a_p>
 
 

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