Kerry indica que Administração pode agir na Síria mesmo sem autorização do Congresso

Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, diz que Washington tem provas de uso de gás sarin.

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John Kerry afirma que as amostras foram obtidas a partir de "fontes independentes" Saul LOEB/AFP

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, sublinhou que o Presidente, Barack Obama, tem autoridade para lançar um ataque mesmo sem autorização do Congresso. E “a América tenciona agir” na Síria, disse ainda, o que foi visto como uma porta-aberta para um ataque mesmo sem luz verde do Congresso.

Obama já tinha sublinhado que iria pedir esta autorização apesar de ter o poder de ordenar a decisão sem ela. Mas argumentou que os EUA seriam mais fortes com um mandato do órgão legislativo. Kerry repetiu: “Somos mais fortes quando agimos juntos”, disse. Mas “o Presidente tem o direito de fazer isto decida o Congresso o que decidir”.

John Kerry tinha antes afirmado que as primeiras análises realizadas a amostras de sangue e cabelo recolhidas nos arredores de Damasco revelaram "presença de gás sarin", uma arma química. A ONU deu uma conferência de imprensa, mas não avançou resultados.

"Esta manhã tivemos um importante desenvolvimento. Ficámos a saber, através de amostras fornecidas aos Estados Unidos, que as análises a sangue e cabelo recolhidos em Damasco tiveram resultados positivos em relação à presença de gás sarin", disse John Kerry no programa da estação de televisão NBC Meet the Press.

"Bashar al-Assad justa-se agora à lista de Adolf Hitler e Saddam Hussein que usaram estas armas em guerra", disse Kerry à NBC.

As declarações hão-de suceder-se: o secretário de Estado tem este domingo presença confirmada em programas de televisão nas estações Fox News, ABC, NBC, CNN e CBS. "A cada dia que passa, a argumentação ganha cada vez mais força", disse John Kerry, referindo-se à anunciada intervenção militar dos EUA na Síria.

"Sabemos que o regime [de Bashar al-Assad] ordenou o ataque, sabemos que eles se prepararam para isso. Sabemos de onde foram lançados os rockets. Sabemos onde caíram. Sabemos os danos que eles causaram. Vimos as imagens terríveis divulgadas nas redes sociais e temos provas [do que aconteceu] obtidas por outros meios. E sabemos que o regime tentou encobrir tudo, por isso temos uma argumentação muito forte", disse o secretário de Estado norte-americano no programa State of the Union, da CNN.

Em nenhum momento das entrevistas foi referida a proveniência das amostras analisadas, nem quem realizou os testes – John Kerry disse apenas que foram obtidas a partir de "fontes independentes" e através de um "processo adequado".

Do lado das Nações Unidas, que enviaram uma missão de cientistas à Síria para recolher amostras a locais onde terão sido usadas armas químicas, houve uma conferência de imprensa para anunciar que estas serão enviadas para vários laboratórios amanhã. Mas nenhuma informação sobre resultados, ainda que preliminares."

Não estamos a especificar um calendário. Tudo está a ser feito o mais rápido possível, dentro das limitações da ciência", afirmou Martin Nesirky, porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

Não comentou as revelações feitas por John Kerry, mas disse que "os países membros são encorajados a partilhar informação. Mas sublinhou que "a investigação das Nações Unidas tem a capacidade única de estabelecer de forma imparcial se foram usadas armas químicas."

No sábado, numa declaração proferida na Casa Branca, o Presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou que decidiu lançar um ataque contra o regime de Assad, mas contapôs que irá pedir a autorização do Congresso para uma eventual acção.
 
 
 

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