Estado Islâmico ameaça matar refém japonês e piloto jordano

Amã estará disponível para trocar bombista iraquiana e conseguir a libertação dos dois homens.

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O Japão aguarda com ansiedade o desfecho do sequestro do jornalista Kenji Goto Kazuhiro Nogi/AFP

O Estado Islâmico ameaça executar dentro de 24 horas um segundo refém japonês e o piloto da Força Aérea jordana que capturou no mês passado quando o seu avião se despenhou no Leste da Síria. A ameaça liga ainda mais a sorte dos dois reféns, unida depois de os jihadistas terem exigido a troca do japonês por uma iraquiana condenada à morte na Jordânia.

O aviso é feito num vídeo posto a circular na Internet, onde é mostrada uma fotografia do jornalista Kenji Goto a segurar um retrato do piloto Maaz al-Kassasbeh. As imagens são acompanhadas pela gravação de uma voz, que se pensa ser do refém japonês, afirmando ter “apenas 24 horas de vida” e dizendo que Kassasbeh “tem ainda menos”.

Com o país suspenso do desfecho deste sequestro, a televisão pública nipónica NHK noticiou que os responsáveis pela célula criada para gerir a crise dos reféns se reuniu de imediato para tentar apurar a veracidade do vídeo.

No sábado, o Estado Islâmico divulgou imagens de um corpo decapitado que parecia ser do empresário Haruna Yukawa, um dos dois reféns japoneses que, dias antes, tinha ameaçado matar se Tóquio não acedesse a pagar 200 milhões de dólares (178 milhões de euros). Nessa gravação, Kenji Goto, um veterano correspondente de guerra, afirmava que a sua libertação não estava já dependente do pagamento do resgate, mas da libertação de Sajida al-Rishawi, condenada à morte por participar numa sequência de atentados contra hotéis de Amã que, em 2006, provocou mais de 60 mortos. Não conseguiu accionar os explosivos que trazia colados e depois de ser presa confessou ser militante da Al-Qaeda no Iraque, grupo na origem do Estado Islâmico.

Dois deputados jordanos ouvidos pela agência de notícias japonesa admitiram que Amã estaria disponível para libertar Rishawi, se a troca envolvesse também Kassasbeh – o primeiro militar envolvido na coligação internacional liderada pelos EUA a ser capturado pelos jihadistas. “Os nossos países estão a trabalhar em conjunto para garantir que tanto o piloto jordano como o refém japonês regressam a casa com um sorriso nas suas caras”, afirmou o número dois da diplomacia de Tóquio, que está na Jordânia a coordenar os esforços para a libertação de Goto.

O rei Abdallah da Jordânia já classificou a libertação de Kassasbeh como “a principal prioridade” do seu governo e a imprensa admite que, para o conseguir, poderá entregar aos radicais outro jihadista no corredor da morte, escreve a Reuters. Mas uma eventual troca de prisioneiros desagradará aos Estados Unidos, aliados tanto de Tóquio como de Amã, que consideram qualquer cedência aos jihadistas um incentivo a novos sequestros.

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