Espanha já deteve 46 "presumíveis terroristas" em 2015

País está no segundo nível mais alto de alerta antiterrorista há mais de uma semana. Mais de metade das operações policiais aconteceram na Catalunha.

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Em Abril, uma operação na Catalunha deteve 11 pessoas alegadamente associadas ao Estado Islâmico Quique Garcia / AFP

No sábado, a polícia espanhola deteve em Badalona, arredores de Barcelona, um homem de nacionalidade marroquina suspeito de crimes ligados à "divulgação e apologia de actividades terroristas", nas palavras do ministro espanhol do Interior, Fernández Díaz. Trata-se do último dos 46 “presumíveis terroristas” detidos em Espanha desde o início do ano em 13 operações policiais diferentes, mais de metade delas na Catalunha.

De acordo com o Governo, o homem detido no sábado promovia actos extremistas do autoproclamado Estado Islâmico nas redes sociais e apelava a que os “combatentes” viajassem para a Síria e Iraque para se juntarem ao grupo. Ao longo de vários meses, segundo a acusação, este homem incentivou atentados “solitários” a quem não pudesse fazer a viagem para o Médio Oriente.

“Esta nova detenção demonstra como as redes sociais se apresentam como uma ferramenta extraordinariamente eficaz no fenómeno do terrorismo jihadista”, escreve a agência Efe, com base num comunicado do Ministério do Interior espanhol. “Servem de complemento aos próprios canais oficiais de propaganda”.

É um caso incomum no rol de detenções de 2015. No início de Julho, o ministro espanhol do Interior falava apenas de dois crimes: os suspeitos estariam ou a tentar viajar para o território controlado pelo autoproclamado Estado Islâmico, ou a planear atentados em Espanha. “Antes ou depois, teriam cometido atentados”, assegurou o ministro, que garante que estas detenções impediram ataques no país. 

A Espanha está actualmente no quarto de cinco níveis de alerta antiterrorismo. Este valor foi decretado no dia 26 de Junho, depois dos atentados na Tunísia, Kuwait e França, e mantém-se desde então. É um nível de alerta que é utilizado apenas pontualmente, como, por exemplo, na coroação de Felipe como rei de Espanha, como escreve o El País. Esta é a sua utilização mais prolongada desde os atentados de 2004, em Madrid.   

“[O Governo] intensificou ao máximo os trabalhos de prevenção, protecção e investigação de todos os serviços da luta antiterrorista destinados a evitar atentados”, disse no sábado Fernández Díaz, numa visita à Palestina, falando da última detenção em Badalona. Segundo o governante, o actual nível de alerta é revisto em períodos de três ou quatro dias.

Em todo o caso, Díaz insiste em dizer que, apesar de toda a prevenção, o “risco zero” de atentados é impossível. “Não há motivos para alarmismo”, disse este mês o ministro espanhol, citado pelo El Mundo, mas “seria perigoso que, para não criar alarme, não se contasse a verdade”.

As primeiras detenções deste ano em Espanha de pessoas com ligações a movimentos jihadistas aconteceram em Janeiro, em Ceuta, onde foram detidas quatro pessoas que estariam a planear um atentado. Ceuta voltaria a ser palco de novas detenções, em Março, mas o foco principal, até ao momento, tem sido a Catalunha.

Em Abril, onze pessoas foram detidas numa megaoperação policial na região autónoma que envolveu mais de 350 polícias. Segundo a polícia, este grupo dava apoio a jovens que queriam juntar-se às fileiras do autoproclamado Estado Islâmico e estaria também a planear um atentado na Catalunha.  

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