Coreia do Norte ameaça retaliar a novas sanções com ensaio nuclear

Conselho de Segurança alargou sanções à agência espacial norte-coreana, com o apoio da China. Regime de Pyongyang ameaça "retaliação física"

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O embaixador chinês na ONU, Li Baodon, votou no mesmo sentido que os restantes membros permanentes do Conselho de Segurança DON EMMERT/ADP

A Coreia do Norte afirma que o seu programa de armas nucleares já não é negociável e sugeriu que poderá conduzir o seu terceiro teste nuclear, em retaliação contra a aprovação de uma resolução pelo Conselho de Segurança da ONU alargando as sanções à agência espacial norte-coreana, responsável pelo lançamento do míssil ou foguetão a 12 de Dezembro, e a várias outras figuras do regime de Pyongyang.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte anunciou em comunicado que “dará passos de retaliação física para aumentar as capacidades militares de auto-defesa, incluindo a dissuasão nuclear, tanto qualitativa como quantitativa” – uma maneira de falar que faz os analistas pensar na possibilidade de um novo ensaio nuclear, à semelhança dos de 2006 e de 2009, que também serviram de resposta do regime a castigos equivalentes do Conselho de Segurança.

Desta vez, o Conselho de Segurança votou de forma unânime – a China, o único aliado de peso da Coreia do Norte, condenou também o lançamento de um provável ensaio de um míssil intercontinental. O documento aprovado, resultante de uma intensa negociação entre Washington e Pequim, exige a Pyongyang que “não proceda a nenhum outro lançamento nuclear ou outro que recorra à tecnologia de mísseis balísticos”.

A China opôs-se a um endurecimento das sanções, mas quis dar uma reprimenda a Pyongyang. “A China está a tentar um equilíbrio. Quer punir a Coreia do Norte e dizer-lhe para não fazer mais lançamentos de mísseis balísticos”, disse à Associated Press Shen Dingli, especialista em segurança do Centro de Estudos Americanos da Universidade Fudan, em Xangai. “Mas não quer fazer uma pressão que seja insuportável.”

“Estas sanções são apenas uma palmadinha na mão”, declarou à AFP Yong-Hyun, professor na Universidade de Dongguk, na Coreia do Sul. “Mas o Norte pode ficar contrariado por ver que a China cedeu à pressão dos outros membros do Conselho de Segurança e aceitou esta resolução.” Robert Kelly, professor de Ciência Política na Universidade Nacional de Pusan, também na Coreia do Sul, sublinha o peso que esta atitude de Pequim tem para Pyongyang. “Todos os movimentos da China são importantes”, sublinha. “A Coreia do Norte afundar-se-ia sem a China. Se Pequim apoia as sanções, mesmo que não sejam severas, isso tem muito peso”.

Um ensaio nuclear poderia fazer esticar demais a corda das relações entre Pyongyang e Pequim. “Essa seria a última carta que o Norte jogaria, e ainda é demasiado cedo para isso”, disse à AFP Yang Moo-jin, analista do Sul especialista em assuntos do Norte. Outros notam, no entanto, que imagens de satélite revelaram nos últimos meses que o país de Kim Jong-un parece estar a preparar-se mais activamente para o que pode ser um terceiro teste nuclear. “Um teste nuclear seria a opção mais provável para oNorte”, disse ao New York Times Choi Jin-wook, analista no Korea Institute for National Unification em Seul.
 
 

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