Conservadores desvalorizam críticas de António Guterres à revisão da lei de imigração

Vice-presidente do partido Conservador diz que não recebe lições de moral "de um socialista português transfigurado em burocrata internacional"

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Tories não gostaram das críticas de António Guterres REUTERS/Denis Balibouse

A bancada conservadora do Parlamento britânico desvalorizou as preocupações expressas pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados(ACNUR), António Guterres, relativamente ao risco de tratamento discriminatório dos imigrantes e candidatos a asilo político no Reino Unido, se o Parlamento aprovar uma proposta de revisão da lei de imigração.

Segundo a agência liderada por Guterres, as novas regras que o Governo de coligação pretende pôr em prática para dissuadir a imigração para o Reino Unido, mesmo que seja proveniente de outros países da União Europeia, e para facilitar a deportação de estrangeiros, em nome de apertar as regras para a atribuição de apoios sociais, como o subsídio de desemprego ou os cuidados de saúde, põem em causa a coesão social e lançam um estigma sobre as diversas comunidades étnicas, que podem ser sujeitas à discriminação e marginalização.

“Eu respondo perante os meus eleitores, e não devo satisfações nenhumas a um burocrata internacional em quem ninguém votou”, reagiu Douglas Carswell, eleito pelo círculo de Clacton. O relatório produzido por agência das Nações Unidas para os Refugiados, afirmou deste deputado britânico, devia “ir directamente para o caixote do lixo”.

“Seguramente não vou ouvir lições de moral sobre o que devemos fazer para proteger o nosso território, muito menos vindas de um socialista português transfigurado em burocrata internacional”, concordou o vice-presidente do Partido Conservador, Bob Neill.

“Ele bem pode tentar marcar pontos políticos com a sua demagogia, mas o Governo do Reino Unido não abandonará o seu firme compromisso em apoiar as famílias britânicas, nem deixará de tomar decisões difíceis mas necessárias para garantir que é mais fácil tirar os imigrantes ilegais do país e acabar com o abuso dos nossos serviços públicos”, prosseguiu.

As propostas de alterações da lei, ainda em discussão no Parlamento, visam por exemplo impedir os recém-chegados ao país de usufruir de forma gratuita dos serviços públicos universais, como o sistema nacional de saúde, e restringem o acesso dos imigrantes e cidadãos comunitários aos subsídios e prestações sociais.

O Governo também pretende responder de forma mais dura à imigração ilegal, nomeadamente proibindo os bancos de aceitar depósitos de clientes sem passaporte ou os senhorios de assinar contratos com inquilinos sem visto.

Na opinião do ACNUR, as novas regras tornarão muito difícil a candidatura de pessoas ou famílias a asilo no Reino Unido, ou o ingresso no país de refugiados. Mas de acordo com o deputado conservador Nigel Mills, as medidas defendidas pelo Governo de coligação são “perfeitamente razoáveis”. “Enquanto nação independente temos todo o direito a proteger as nossas fronteiras e impedir a imigração ilegal”, considerou.

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