“A religião não deve ser um argumento político”, diz chefe de redacção do Charlie Hebdo

Em entrevista à NBC, Gérard Biard disse que o jornal defende a liberdade religiosa.

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Gérard Biard, à esquerda, com Luz e Patrick Pelloux AFP

Numa entrevista à estação de televisão norte-americana NBC, difundida parcialmente este sábado, o chefe de redacção do Charlie Hebdo, Gérard Biard, defendeu que as polémicas caricaturas do profeta Maomé contribuem para a defesa da liberdade religiosa.

“Sempre que fazemos um desenho de Maomé, sempre que fazemos um desenho de profetas, ou sempre que fazemos um desenho de Deus, estamos a defender a liberdade religiosa”, afirmou na referida entrevista, que deverá ser transmitida na íntegra este domingo pela NBC.

Foi a primeira entrevista do chefe de redacção a uma estação americana desde o ataque ao jornal a 7 de Janeiro, que viria a causar 12 mortos. As declarações de Gérard Biard acontecem depois de dez pessoas terem sido mortas e igrejas incendiadas no sábado, no Níger, durante manifestações contra a publicação de novas caricaturas do profeta Maomé.

Recorde-se que a última edição do Charlie Hebdo, a primeira depois dos ataques, tem na capa uma caricatura de Maomé, de lágrima no olho, com o título: “tudo está perdoado”. “Deus não deve ser uma figura política ou pública. Deve ser uma figura privada. É isso que dizemos. Defendemos a liberdade religiosa”, acrescentou à NBC. “Trata-se de liberdade de expressão, mas também de liberdade de religião. A religião não deve ser um argumento político”, acabou por defender.

A última edição da publicação satírica suscitou a cólera em alguns países muçulmanos, enquanto na Europa se estudam formas de intensificar medidas preventivas de segurança.

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