Bundestag aprova com larga maioria o novo resgate grego

Mais de cem deputados votaram contra o novo pacote de medidas para a Grécia, 63 do partido de Merkel. Schäuble diz que programa não garante nada, mas que seria "irresponsável" rejeitá-lo. Holanda também aprova programa.

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Schäuble e Merkel fizeram campanha pelo "sim" ao novo programa, enfrentando a revolta de uma minoria no seu partido JOHN MACDOUGALL/AFP

Como se esperava, o Parlamento alemão aprovou com facilidade o novo programa de assistência financeira à Grécia ao final da manhã desta quarta-feira, com 454 votos, 113 contra e 18 abstenções. Horas depois, seguiu-se a menos importante mas mais difícil aprovação no Parlamento holandês.

A oposição ao novo pacote de reformas esteve ao nível dos 119 votos negativos que se contaram no final de Julho, quando o Bundestag decidiu conceder o terceiro empréstimo à Grécia, numa altura em que o cepticismo alemão era maior e o Governo de Angela Merkel não tinha ainda feito campanha por um novo programa.

Porque a aprovação alemã do novo programa nunca esteve em causa, as atenções voltavam-se nesta quarta-feira para o comportamento dos deputados no principal partido do Governo, o União Democrata-Cristã (CDU) de Angela Merkel e do seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble. Sessenta e três deputados do principal partido do poder votaram contra o novo programa, mais três do que em Julho. Dezassete faltaram à sessão.  

Merkel e Schäuble esforçaram-se nas últimas semanas por conter a oposição ao novo programa grego dentro do seu partido. Há um número considerável de deputados na CDU e no seu satélite da Baviera, o CSU, que criticam o novo empréstimo à Grécia e que consideram imprescindível a presença do Fundo Monetário Internacional (FMI) num novo programa. O tablóide alemão Bild, muito crítico de um terceiro resgate, dizia nesta semana que podia haver até 120 deputados no partido de Merkel a votarem negativamente nesta quarta-feira.   

Mas a participação do FMI no novo programa só será decidida em Outubro, mês em que será também discutido um possível alívio à dívida grega. O fundo insiste em dizer que a dívida da Grécia é insustentável e que precisa de um corte, o haircut, ou de uma alteração substancial à data de vencimento dos empréstimos e moratórias no pagamento de juros. O Governo alemão, por sua vez, diz que o haircut é impossível, mas afirma que está disposto a aplicar outras medidas.

“Claro que depois da experiência dos últimos anos e meses não há garantia de que tudo funcionará e permite-se que haja dúvidas”, disse Wolfgang Schäuble, na manhã desta quarta-feira. “Mas, tendo em conta que o Parlamento grego aprovou já a maior parte das medidas, seria irresponsabilidade não aproveitar esta oportunidade para um novo começo na Grécia.”

O protesto minoritário do Parlamento alemão contra o novo programa grego vai para além dos votos contrários e abstenções. Contaram-se 46 deputados ausentes da sessão desta quarta-feira – o número desceu de uma primeira estimativa de 73 faltosos. Segundo a correspondente do diário britânico Guardian em Berlim, é um número incomum para uma sessão tão importante como esta. “Alguns estão doentes, outros longe, mas muitos afastaram-se em protesto”, escreveu  a jornalista Kate Connolly no Twitter, pouco depois da votação. 

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