Alepo é o principal campo de batalha na Síria

O regime sírio leva a cabo uma vasta ofensiva para retomar o controlo, custe o que custar, do sector Leste da cidade, nas mãos dos rebeldes desde 2012.

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Panorâmica da Cidadela medieval de Alepo AFP

A cidade de Alepo, no Norte da síria, é um dos principais campos de batalha da guerra civil, que em cinco anos e meio fez mais de 300 mil mortos.

O regime sírio leva a cabo uma vasta ofensiva para retomar o controlo, custe o que custar, do sector Leste da cidade, nas mãos dos rebeldes desde 2012.

De uma urbe próspera e da Cidade Velha reputada desde a Antiguidade, não resta nada se não um teatro de desolação. Na segunda maior cidade da Síria, com 2,5 milhões de habitantes antes da guerra, não restarão hoje mais que 1,5 milhões de pessoas.

Antiga capital económica e jóia da arquitectura, Alepo é uma das antigas cidades do mundo a ter sido permanentemente habitada, pelo menos desde 4000 anos antes de Cristo, devido à sua situação estratégica entre o Mediterrâneo e a Mesopotâmia.

Situada no cruzamento de importantes rotas comerciais, ali se sucederam numerosas civilizações.

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A metrópole do Norte da Síria notabilizou-se pela sua indústria têxtil, e era a segunda maior cidade do Império Otomano no século XIX.

Em 1979, após um atentado contra a Academia Militar de Alepo, o regime reagiu duramente contra a Irmandade Muçulmana – acusada da autoria do ataque – e passa a negligenciar a cidade, onde os comerciantes tinham apoiado a revolta da confraria islamista.

Mas nos anos 1990, a cidade recupera alguma prosperidade, em especial graças às suas actividades comerciais e industriais.

Em Abril-Maio de 2011, milhares de estudantes manifestam-se em Alepo, até então relativamente poupada pelo movimento de contestação lançado em Março. São rapidamente dispersados por estudantes pró-regime e pelos serviços de segurança.

A 20 de Julho de 2012, travam-se violentos combates em vários bairros que opõem o exército aos rebeldes do Exército Livre da Síria (composto por civis que pegaram em armas e por desertores), os primeiros deste género.

Desde o Verão de 2012, a cidade está dividida entre sectores lealistas no Ocidente, onde vivem 1,2 milhões de pessoas, e bairros nas mãos dos rebeldes, no Leste, onde residiam mais de 250 mil pessoas.

A 1 de Fevereiro de 2015, o regime e os seus aliados lançaram uma ofensiva contra os rebeldes na província de Alepo.

Em Julho-Agosto, as forças governamentais cercaram os sectores Leste, cortando a última linha de abastecimento aos bairros controlados pela oposição, e impondo um bloqueio que causou penúrias de alimentos e combustível.

A 15 de Novembro, após quase um mês de acalmia, Damasco lança uma nova campanha militar para reassumir o controlo total da cidade.

Inscrita na lista do Património Mundial da UNESCO em 1986, a Cidadela de Alepo, jóia da arquitectura militar islâmica da Idade Média, começou a ser construída no século X e demorou três séculos a ser completada. Mas em Julho de 2015, uma secção das muralhas da cidadela ruiu, após a explosão de um túnel na Cidade Velha. Antes, o minarete seljúcida da mesquita dos Omídas já tinha ruído, e o souk de Alepo, com lojas por vezes centenárias, tinha sido parcialmente destruído pelas chamas.

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