Agente dos serviços secretos americanos bebe até cair num hotel em Amesterdão

Membro de uma unidade de elite da defesa do Presidente norte-americano encontrado inconsciente no corredor de um hotel. Caso reaviva memória do escândalo na Colômbia, há dois anos.

Foto
Outros dois agentes da unidade de elite Counter Assault Team foram enviados para casa Kevin Lamarque/Reuters

Três agentes dos serviços secretos norte-americanos que estavam na Holanda a preparar a visita do Presidente Barack Obama foram enviados para casa, por "motivos disciplinares", depois de um deles se ter embebedado até à inconsciência num hotel em Amesterdão na noite de sábado para domingo.

Foi uma festa mais modesta do que a de há dois anos em Cartagena, na Colômbia, que envolveu agentes dos serviços secretos norte-americanos, militares e mais de 20 prostitutas, mas ainda assim entra directamente para o segundo lugar da lista de escândalos que chegaram a público nos 149 anos de história da agência. 

Os três homens são membros de uma unidade de elite dos serviços secretos, a Counter Assault Team – aqueles agentes que não saem do seu lugar quando um Presidente é alvo de um ataque, e que ficam para trás para combater os atacantes, enquanto o chefe de Estado é levado para um sítio seguro. Um deles, avança o The Washington Post, é "líder de equipa", e todos eles estão entre os mais experientes – na tabela de salários dos serviços secretos norte-americanos, que vai da categoria GS1 à categoria GS15, estão incluídos na GS13.

O jornal The Guardian avança que só um deles bebeu de mais e que os outros dois foram também expulsos da comitiva porque nada fizeram para travar a situação. O caso acabou por ser relatado pela gerência do hotel à embaixada norte-americana em Haia, que encaminhou a queixa para os serviços secretos.

"Não foi uma daquelas festas grandes e loucas", disse ao jornal britânico uma das pessoas que estão a par do processo e que só aceitou falar sob a condição de anonimato.

Não foi uma daquelas festas grandes e loucas, mas foi suficiente para voltar a pôr os serviços secretos debaixo de mira, dois anos depois do maior escândalo da história da agência. Em Abril de 2012, 13 agentes e militares da comitiva norte-americana que preparava a chegada do Presidente Barack Obama à Cimeira das Américas, na Colômbia, passaram uma noite com duas dezenas de prostitutas.

Quase todos acabaram por se demitir ou ser demitidos, e o caso serviu para reforçar as regras que os agentes dos serviços secretos têm de cumprir quando estão envolvidos numa operação como a que é necessária para garantir a segurança do Presidente Barack Obama na Holanda, onde chegou na segunda-feira. Uma dessas novas regras estabelece que os agentes não podem ingerir bebidas alcoólicas nas dez horas que antecedem uma missão, o que poderá ter sido desrespeitado neste caso – apesar de o porta-voz dos serviços secretos Ed Donovan dizer apenas que a agência "enviou para casa três funcionários por motivos disciplinares", o The Washington Post  escreve que todos eles tinham sido convocados para estarem presentes numa reunião de segurança marcada para domingo.

Os agentes fazem parte da Counter Assault Team (CAT), uma unidade de elite dos serviços secretos que é descrita como "a última linha de defesa" do Presidente dos Estados Unidos. Segundo o The Washington Post, que cita dois antigos agentes, a CAT é composta por "atiradores altamente qualificados e muito bem preparados fisicamente, com um programa de treinos muito exigente".

"Eles recebem o melhor treino táctico. É a única equipa que está sempre a treinar – em operações de ataque, evacuações, todo o tipo de cenários. É muito difícil entrar na CAT", cita o jornal norte-americano.

Este novo caso reacende a discussão sobre o comportamento dos agentes dos Serviços Secretos dos Estados Unidos (USSS, na sigla original), em particular sobre se existe uma cultura de indisciplina na agência. Durante as audições no Congresso sobre o escândalo na Colômbia, em 2012, a senadora Susan Collins, do Partido Republicano, declarou que aquele caso não era um "incidente isolado".

"Dois dos participantes eram supervisores, um deles com 22 anos de serviço e outro com 21, e eram ambos casados. Estes factos transmitem a mensagem aos restantes funcionários de que estas actividades são toleradas (...). Os números envolvidos, bem como a participação de dois supervisores, levam-me a crer que este não foi um caso único", afirmou a senadora.

Num artigo publicado na revista Washingtonian, em Abril do ano passado, o jornalista Shane Harris chegou à mesma conclusão: "Todos eles tinha razões para acreditar, com base em experiências passadas que, embora os serviços secretos não desculpem explicitamente o envolvimento com prostitutas, também não iam desviar-se do seu caminho para pôr fim a esse comportamento."

Sugerir correcção
Comentar