Acordo na Palestina, uma euforia relativa

As fotografias mostraram sorrisos, apertos de mão, dedos simulando o V da vitória. Mas o acordo ontem anunciado entre o Hamas e a Fatah só teve uma novidade de monta: foi Mahmoud Abbas, da Fatah, que fez deslocar da Cisjordânia até Gaza, tomada pelo Hamas desde 2007, uma delegação para negociar um acordo de reconciliação entre as facções palestinianas desavindas. Ismail Haniyeh, líder do Hamas e do Governo em Gaza, anunciou depois do acordo a “boa notícia ao povo palestiniano”, garantindo que “a era da divisão acabou”. Mas a verdade é que o acordo actual reproduz os princípios de dois acordos anteriores (Cairo, 2001; e Doha, 2012), que nunca tiveram quaisquer consequências práticas. A união do Hamas e da Fatah facilita as negociações com Israel (negociações que os EUA têm tentado, sem êxito, levar a bom termo), mas se o Hamas mantiver a sua recusa a tais negociações, esta união só servirá para eternizar o bloqueio.

Sugerir correcção
Comentar