Vodafone fecha compra da espanhola Ono por 7200 milhões de euros

Presidente executivo da Vodafone diz que negócio representa "um acto de confiança no futuro da economia espanhola".

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O objectivo da Vodafone é acelerar em Espanha (onde a gestão da empresa é liderada pelo português António Coimbra) a estratégia de aposta nas ofertas convergentes de telecomunicações – que incluem televisão, telefone e Internet. Uma estratégia seguida também em Portugal através do investimento em rede própria.

Segundo a edição online do jornal espanhol Cinco Dias, a compra da operadora de cabo representa o maior investimento estrangeiro realizado em Espanha desde o início da crise e foi fechado durante o fim-de-semana, depois de um acordo preliminar alcançado na sexta-feira entre a Vodafone e os principais accionistas da Ono.

A Vodafone recordou que a Ono já investiu mais de 7000 milhões de euros na sua rede desde 1998 e com esta operação, com a qual espera obter sinergias de custos e investimentos de cerca de 240 milhões de euros, terá a maior rede de nova geração em Espanha, com 7,2 milhões de casas passadas, e cerca de 1,9 milhões de clientes 3G nas 17 regiões espanholas.

A maioria (55%) do capital da operadora de cabo está nas mãos de fundos de capital de risco britânicos, que desde cedo se mostraram favoráveis à operação. Entre eles contam-se a CCMP Capital, com uma posição de 15,2%, a Providence Equity (15,2%), a Thomas H. Lee Partners, (15%) e a Quadrangle (9%).

O negócio avalia a Ono em 7,5 vezes o EBITDA (lucro antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) de 2013 e em 10,4 vezes o free cash flow gerado no exercício passado. Segundo a Vodafone, que foi assessorada pelo Morgan Stanley nesta operação, a operação deverá traduzir-se em ganhos por acção a partir de 2015.

Em declarações ao jornal espanhol Expansión, o presidente executivo da Vodafone, Vittorio Colao sublinhou que o negócio reforça a posição competitiva da empresa no mercado espanhol, mas é também “um acto de confiança no futuro da economia espanhola”.

A cotação da Vodafone subiu 1,6% depois de ter sido anunciado o acordo, cujas sinergias (240 milhões de euros) são superiores ao previsto por muitos investidores. Colao sublinhou que os benefícios do processo de integração “não estão dependentes de despedimentos, pois trata-se de empresas complementares”.

A união das redes e dos processos de contratação de serviços e fornecimentos e investimentos de marketing, bem como a transferência para a Vodafone do tráfego móvel que a Ono assegura actualmente através da Telefónica, explicam a maioria das poupanças deste processo de integração que deverá estar completo em Abril de 2016.

A expectativa da Vodafone é que a operação passe sem problemas pelo crivo de Bruxelas, disse Vittorio Colao ao Expansión, explicando que o negócio não reforça o poder de mercado da Vodafone em Espanha. Da mesma forma, a Vodafone acredita que os accionistas da Ono não irão mudar de ideias. E se o negócio for anulado devido a eventuais imposições de Bruxelas, está acordado o pagamento de uma compensação de 200 milhões de euros aos investidores da Ono, revelou Colao.

Alguns analistas consideram que este negócio fará com que o mercado espanhol passe por nova fase de consolidação. Entre os cenários apontados surge o da aproximação da francesa Orange à Jazztell, com a qual passaria a deter 25% de quota do mercado espanhol de banda larga (cerca de três milhões de clientes) e 24,6% do mercado de telecomunicações móveis (quase 14 milhões de clientes).

Além da Jazztel, também a Yoigo, quarta operadora móvel do mercado espanhol, é vista como uma empresa apetecível em futuros movimentos de consolidação.

 

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