UGT disponível para negociar com futuro Governo, seja de esquerda ou de direita

Reunião extraordinária terminou com garantias de união entre as tendências socialista e social-democrata da central sindical.

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Carlos Silva lidera a UGT desde 2013. Rui Gaudêncio

A reunião extraordinária do secretariado nacional da UGT terminou nesta sexta-feira com a garantia de que a central sindical, liderada por Carlos Silva, está disponível para dialogar com o futuro Governo seja ele de esquerda ou de direita.

O encontro foi marcado por Carlos Silva para pôr fim à polémica em torno da entrevista que deu ao Diário Económico e à Antena 1, onde defendeu um Governo estável liderado pelo PSD e pelo CDS/PP com o apoio do PS. "Não me parece que as forças à esquerda do PS dêem garantia de estabilidade", afirmou, defendendo que "seria preferível que a estabilidade governativa assentasse num compromisso entre a coligação que venceu as eleições e o PS".

Esta posição, que Carlos Silva disse ter feito a título pessoal e não enquanto secretário-geral da UGT, não terá agradado à tendência socialista, que é maioritária na central sindical e levou a que algumas tomadas de posição internas pusessem em causa a independência do secretário-geral.

"O Governo que vier ter-nos-á ao seu lado para discutir as soluções para os trabalhadores. Se for este ou se for outro, isso agora é uma decisão que os partidos vão ter de assumir. Este é o tempo dos partidos políticos, os sindicatos cá estarão. Não vou revelar as minhas preferências aqui", disse Carlos Silva no final da reunião.

"Reitero que estamos unidos e, acima de tudo, estamos imbuídos do mesmo espírito. O espírito é dizer aos portugueses que há esperança na reversão de muitos sacrifícios que foram impostos nos últimos quatro anos. A partir daí, se as minhas opiniões são à esquerda ou à direita, interessa pouco à central sindical", acrescentou, citado pela agência Lusa.

O desfecho já se antecipava depois de esta semana as tendências social-democrata e socialista se terem reunido e deixado transparecer que não havia qualquer conflito entre os sindicatos e que estavam unidas em torno do caderno reivindicativo aprovado por unanimidade no início de Outubro.

Nesta sexta-feira, Carlos Silva assegurou que a sua liderança "nunca esteve em causa", na medida em que as declarações que proferiu foram feitas a título pessoal e não em nome da UGT.

"É muito mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa. Separa-nos, acima de tudo, o facto de termos duas tendências — os socialistas e os social-democratas — e dentro da UGT conseguimos entender-nos", afirmou.

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