TAP cancela 50 voos em apenas quatro dias

Companhia diz ser alheia aos problemas, justificando-os com atraso na entrega de aviões.

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Presidente da TAP prometeu normalizar operação em Agosto Miguel Manso

A TAP cancelou quase 50 voos em apenas quatro dias, justificando a decisão com o atraso na entrega dos novos aviões, que estava inicialmente prevista para Julho. A companhia liderada por Fernando Pinto diz estar a “trabalhar empenhadamente para retomar a normalidade da operação, com a maior brevidade possível”.

Num aviso emitido no site da transportadora aérea, constam 48 cancelamentos entre esta quarta-feira e o próximo sábado — dia em que, à semelhança de quinta-feira, vão ocorrer mais supressões (13 em cada dia). Para sexta-feira, estão previstas 11. Desde o início do Verão que a TAP tem vindo a fazer reprogramações da operação, não só com cancelamentos, mas também com registo de sucessivos atrasos nos voos.

No aviso, a companhia explica que, na sequência da inauguração de 11 novos destinos em Julho, bem como do reforço de frequências para destinos em que já operava, “contratou, em devido tempo, seis aviões Airbus para acrescentar à sua frota”. Uma decisão tomada para “fazer face a este crescimento” previsto do tráfego. Foram encomendados dois A330 (para o longo curso), dois A319 e dois A320 (para o médio curso).

No entanto, a expectativa era que os novos equipamentos chegassem a tempo do aumento da oferta de voos, o que não aconteceu. “Devido a razões a que a TAP é totalmente alheia, verificou-se um atraso na entrega desses novos aviões, o que obrigou a uma reprogramação dos meios disponíveis e à necessidade de contratar aviões de outras companhias durante o mês de Julho, para fazer face aos compromissos assumidos”, lê-se no aviso publicado no site da empresa.

Dos seis aviões encomendados, três já chegaram à TAP e um deles (A319) entrou na terça-feira em operação. O presidente da companhia veio garantir, numa mensagem de vídeo publicada na semana passada no YouTube, que os últimos equipamentos deverão chegar em meados de Agosto, prometendo uma normalização da operação já no próximo mês.

A transportadora aérea diz que “pretende cumprir integralmente os compromissos assumidos com os seus clientes”, pedindo-lhes que entrem em contacto com os serviços no caso de a reserva ter sido feita directamente através da TAP. A empresa acrescenta que, face aos cancelamentos, vai permitir alterações da data de viagem sem custo adicional, reembolsos a 100% ou compensações para passageiros que tinham bilhete em classe executiva e que aceitem voar em económica.

Na mensagem de vídeo, e além da demora na entrega dos aviões, Fernando Pinto também justifica as perturbações na operação da TAP com o atraso no recrutamento de pilotos e de tripulantes, que ainda está em curso, e com o aumento do tráfego que a companhia tem verificado. Refere ainda que o Mundial de Futebol ou a greve dos controladores aéreos em França também dificultaram o trabalho da empresa.

O Governo já se mostrou insatisfeito com a situação que se vive na transportadora aérea, com o secretário de Estado dos Transportes a afirmar, na semana passada, que tinha pedido à administração da TAP para apresentar um plano de emergência que permitisse resolver os actuais constrangimentos. No entanto, os partidos da maioria chumbaram nesta quarta-feira um requerimento do PCP que exigia que Fernando Pinto fosse chamado ao Parlamento.

Estes problemas surgem numa altura em que o executivo tem de tomar uma decisão sobre o futuro da TAP, cuja privatização continua por concluir. Após a primeira tentativa fracassada em 2012, com a rejeição da oferta de Gérman Efromovich, a janela de oportunidade começa a fechar-se, visto que o Governo não quer relançar o processo perto das eleições legislativas, agendadas para o Outono de 2015.

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