Responsável pelas privatizações na Grécia demitido após viagem controversa

No mesmo dia em que foi assinado um contrato de privatização, o responsável pela venda viajou num jacto privado com um dos empresários que compraram a empresa pública.

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Stelios Stavridis EUROKINISSI/Vassilis Koutroumanos/AFP

A agência que coordena os processos de privatização na Grécia perdeu dois presidentes em menos de seis meses. Destra vez, Stelios Stavridis foi forçado a demitir-se depois de a imprensa grega noticiar que o responsável viajou num jacto privado de um empresário que comprou uma empresa pública na vaga de privatizações exigida no memorando de entendimento da troika.

Em comunicado emitido no domingo, o Governo diz que o ministro das Finanças, Yannis Stournaras, pediu a demissão do presidente da HRADF (a sigla em inglês da agência para as privatizações), que foi imediatamente aceite por Stavridis.

O jornal Proto Thema noticiou, no sábado, que Stelios Stavridis viajou no jacto privado de Dimitris Melissanidis, o maior accionista de um consórcio de capitais gregos e checos que, na semana passada, fechou um acordo de compra de 33% da empresa de jogos de apostas Opap.

Dimitris Melissanidis é descrito pela AFP como um homem de negócios com interesses no sector petrolífero e que recentemente comprou o histórico clube de futebol AEK, a enfrentar problemas financeiros.

Segundo o site em língua inglesa do jornal Kathimerini, Stelios Stavridis contou ao Proto Thema que o empresário iria, de viagem, para França na segunda-feira da semana passada (12 de Agosto) e propôs deixá-lo na ilha de Cefalónia (Oeste) porque “ficava em caminho”.

De acordo com a versão noticiada por este jornal, em que o comportamento de Stavridis é considerado “inadequado”, a viagem terá acontecido imediatamente depois da assinatura do acordo de compra dos 33% da Opap por 652 milhões de euros. Ao jornal To Vima, Stavridis disse que tinha viagem marcada para o dia seguinte, mas, “por razões práticas e para ganhar um pouco de tempo”, aceitou a proposta do empresário para viajar com ele ainda na segunda-feira.

Para não despertar o receio de que o caso pode comprometer o processo de privatizações previsto no programa de resgate financeiro à Grécia, Yannis Emiris, responsável executivo da HRADF, assegurou que tudo corre dentro da normalidade. “Não haverá atrasos no programa”, disse à Reuters.

Os credores internacionais admitiram, em Julho, rever as condições de actuação da HRADF, caso a agência não consiga atingir a meta de mil milhões de euros de receita este ano.
 

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