Reserva Federal mantém taxas de juro coladas a zero

Economistas divididos quanto à possibilidade de uma subida vir a acontecer já na reunião marcada para Dezembro.

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Janet Yellen, presidente da Fed Jonathan Ernst/Reuters

Indo ao encontro do que eram as expectativas dos mercados, a Reserva Federal norte-americana (Fed) decidiu esta quarta-feira manter a sua taxa de juro num intervalo situado entre os 0% e os 0,25%.

Em Setembro, existiam entre os investidores dúvidas sobre se a autoridade monetária norte-americana poderia colocar um ponto final ao período de mais de sete anos com taxas de juro coladas a zero. Janet Yellen explicou que não o iria fazer nesse momento porque ainda não estava segura que o mercado de trabalho estivesse completamente saudável, porque não havia ainda sinais definitivos de que a inflação iria começar a disparar e, principalmente, porque a instabilidade a que se assiste na economia chinesa pode ter impactos negativos ainda difíceis de quantificar.

Agora, na reunião de dois dias terminada esta quarta-feira, Janet Yellen não deu uma conferência de imprensa, ficando-se contudo a saber que as taxas de juro não foram novamente mexidas. “O comité continua a observar riscos para a evolução da actividade económica”, afirma o breve comunicado emitido pela Fed, que fala também de “um mercado de trabalho quase equilibrado”.

Antes da reunião, a totalidade dos 46 economistas inquiridos pela agência Reuters apostavam que a Fed iria manter a sua principal taxa de juro de referência inalterada. As dúvidas apenas subsistem em relação ao que poderá acontecer a seguir.

Os mesmos 46 economistas estão divididos praticamente a meio sobre haverá ou não uma subida de taxas de juro em Dezembro. E, nos mercados financeiros, os valores dos contratos de futuros das taxas de juro têm implícita uma probabilidade de 34% de subida em Dezembro e de 59% em Março do próximo ano.

Essa futura decisão da Fed irá depender da forma como irão evoluir os indicadores da economia norte-americana nas próximas semanas, nomeadamente as tendências ao nível da inflação e do desemprego, e dos sinais provenientes dos mercados emergentes, em especial a China, uma vez que a Fed teme o impacto que uma travagem brusca da economia e mercados de capitais chineses pode vir a ter no dólar e na economia norte-americana.

O tema tem vindo a ser motivo de aceso debate entre os economistas e mesmo entre os diferentes membros do comité da Fed que decide as taxas, sendo cada vez mais públicas as divergências entre aqueles que estão preocupados com os riscos de sobreaquecimento da economia e de criação de bolhas especulativas nos mercados e os que acham que uma retirada precipitada dos estímulos monetários pode fazer recuar a retoma registada no mercado de trabalho norte-americano e trazer de volta a ameaça de um processo deflacionista nos Estados Unidos. Até ao momento, Janet Yellen é vista como estando mais próxima do segundo grupo, o que tem sido decisivo para a manutenção de uma política expansionista.

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