Portugal recupera três lugares em índice mundial da competitividade

Pela primeira vez desde 2010, país consegue recuperar posições. Está em 43.º numa lista de 60 economias, mas ainda longe da 37.ª que ocupava há quatro anos.

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Em Portugal, a burocracia está a afastar investimento, diz a escola de gestão IMD Adriano Miranda

Portugal recuperou três posições no Ranking da Competitividade Global de 2014 elaborado pela escola de negócios IMD, passando do 46.º para o 43.º lugar entre 60 economias analisadas. Esta é a primeira evolução positiva registada desde 2010, mas ainda está longe da 37.ª posição que ocupava nessa altura.

Este ranking é elaborado todos os anos pela instituição de ensino suíça e também analisa a percepção global sobre cada país e a sua capacidade para atrair investimento. Os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar (tal como em 2013) e são seguidos de perto pela Suíça, Singapura, Hong Kong, Suécia e Alemanha. O top 10 não registou grandes alterações em comparação com o ano passado. O IMD refere que “pequenas economias como a Suíça, Singapura e Hong Kong continuam a prosperar graças às exportações, eficiência económica e inovação”.

À semelhança do que sucedeu em Portugal, outros países europeus conseguiram melhorar o seu desempenho face a 2013. A Dinamarca entrou para o top 10 (em 9.º) e a Alemanha progrediu três posições (6º). Entre as que o IMD refere como “economias periféricas” e que conseguiram subir lugares, estão também a Irlanda e Espanha. Pelo contrário, Itália (46.ª) e Grécia (57.º) desceram no ranking.

Na lista que avalia a imagem do país no exterior, percepção obtida através de um inquérito feito a 4300 gestores de todo o mundo, a pontuação atribuída a Portugal é de 4,85 pontos em dez. Está na 47.ª posição nesta tabela, que é liderada por Singapura, Alemanha e Irlanda, locais onde os executivos são mais optimistas em relação à reputação internacional do seu país. Ao mesmo tempo, Estados Unidos, França, Taiwan e Polónia, são mais pessimistas.

O IMD sugere que, em relação aos EUA, os resultados “podem reflectir as consequências dos conflitos internacionais em que se encontram evolvidos e da matriz decorrente da sua situação política interna”. Quanto a França, a reputação “continua condicionada pelo lento processo de reformas e pela atitude negativa do país perante o processo de globalização”.

Desafio para 2014: reduzir burocracia
A escola de gestão suíça identifica cinco principais desafios que Portugal terá de enfrentar este ano. O primeiro é a redução da burocracia, que está a “atrasar o investimento privado”, segue-se a necessidade de atrair investimento estrangeiro, a implementação de uma reforma no sistema de justiça, a manutenção da redução do défice público e a garantia de estabilidade nas medidas fiscais aplicadas às empresas.

Portugal tem perdido terreno neste ranking desde 2011, ano em que foi assinado o memorando de entendimento com o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu. Na edição de 2014, conseguiu recuperar pontos e melhorou em indicadores como a conta corrente, o crescimento real do PIB per capita, a inflação, ou os dias necessários para a criação de uma nova empresa. No lado oposto, com quedas nos resultados, está a estabilidade da taxa de câmbio, as taxas de juro a curto prazo, a investimento directo estrageiro e o desemprego de longa duração.

No inquérito feito aos executivos, foi pedido que identificassem os factores de atractividade mais importantes para a sua economia. A percentagem mais elevada de respostas foi registada na “fiabilidade das infra-estruturas” (77,3%), nos custos competitivos (60,6%), numa força laboral qualificada (56,1%), num bom ambiente para as empresas (47%) e numa “atitude aberta e positiva” (43,9%).

Analisando os indicadores que serviram de base à elaboração do ranking, Portugal obtém as melhores pontuações na balança comercial dos serviços em percentagem do PIB (ocupa a 8.ª posição entre os 60 países analisados), o crescimento das exportações de bens (7.º lugar), o crescimento das importações (3.º), no número de dias necessário para abrir uma empresa (2.º) ou procedimentos para criar uma start-up (4.º) ou nas leis da imigração (que não impedem as empresas de empregar trabalhadores estrangeiros), 2.ª posição.

Para elaborar o ranking, a IMD utilizou cerca de 300 critérios, dois terços dos quais baseados em dados estatísticos. O restante foi obtido a partir do inquérito aos gestores.

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