Grécia testa mercados e obtém cerca de 3000 milhões com juros abaixo de 5%

Para o Governo grego, a resposta dos mercados à emissão de dívida desta quinta-feira foi “encorajadora”.

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O vice-primeiro-ministro, Evangelos Venizelos (Pasoc), considera a operação um “sucesso” ARIS MESSINIS/AFP

Quatro anos depois da última emissão de dívida pública de longo prazo, a Grécia voltou nesta quinta-feira a realizar uma emissão de Obrigações do Tesouro com um prazo de cinco anos, conseguindo obter cerca de 3000 milhões de euros, mais 500 milhões do que o montante esperado pelo Governo.

Segundo o porta-voz do Governo, Simos Kédikoglou, a taxa de juro média a pagar pelo Estado grego por estes títulos ficou abaixo de 5%. As informações de mercado divulgadas pelas agências de notícias internacionais apontam para valores diferentes, mas todas abaixo deste patamar. A procura superou a oferta, com as propostas dos investidores a chegarem a superar os 20 mil milhões de euros, segundo os números avançados à Bloomberg e à AFP.  

A elevada procura-se explica-se em parte com o facto de a Grécia ter dado este primeiro passo no regresso aos mercados através da realização de um leilão sindicado, um modelo que também foi utilizado nas primeiras emissões de dívida realizadas pela Irlanda e por Portugal durante o período da troika. Com este modelo, o Tesouro tem o apoio de um sindicato de bancos responsável por angariar investidores, potenciando o aumento das ofertas na operação e, com isso, a probabilidade de sucesso da operação. Neste caso, foram contratados seis bancos, entre eles o JP Morgan e o Deutsche Bank. 

A emissão desta quarta-feira, a primeira desde Abril de 2010, serviu para o Tesouro grego testar o apetite dos investidores pela compra de dívida pública do país que, desde essa altura, está com o acesso fechado aos mercados para garantir as necessidades de financiamento.

Para Evangelos Venizelos, vice-primeiro-ministro e parceiro da coligação em nome dos socialistas, os resultados parciais mostram que a operação foi um “sucesso”, considerando a resposta dos mercados como “encorajadora” para um país que esteve quatro anos sem arriscar lançar-se numa emissão de longo prazo, dada o elevado nível das taxas de juro da dívida exigida pelos investidores. E para dar um sinal de confiança aos parceiros europeus, Venizelos procurou ligar esta operação ao início do fim do resgate financeiro internacional, escreve a Reuters.

O Tesouro avançou para esta emissão numa altura em que os países periféricos da moeda única assistem a uma descida generalizada das taxas de juro da dívida no mercado secundário. Aqui são manifestadas intenções para a revenda de títulos emitidos pelos Estados, funcionado como indicador da tendência dos juros praticados no mercado primário, como é o caso de um leilão de dívida como o realizado nesta quinta-feira.

Entre os países que negociaram um empréstimo com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, a Irlanda foi o primeiro a avançar para uma emissão de dívida pública a cinco anos, ainda em 2012, dando os primeiros passos no regresso aos mercados através de uma emissão sindicada (organizada com o apoio de um sindicato de bancos responsável por angaria investidores, potenciando um aumento das ofertas e, com isso, a probabilidade de sucesso da operação).

Os passos seguintes foram a realização de emissões de dívida com prazos mais longos (dez anos), numa estratégia seguida por Portugal, que também já realizou emissões sindicadas a cinco e a dez anos. As primeiras aconteceram no primeiro semestre de 2013 e, este ano, o Tesouro português voltou repetir a estratégia.

Segundo a Bloomberg, Venizelos considerou mesmo que a Grécia, o primeiro país intervencionado da zona euro, tenta este regresso aos mercados “sob as mesmas condições, ou até melhores, do que a Irlanda e do que Portugal”.

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